Um grupo de cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) acaba de conseguir o patenteamento de uma nova descoberta científica. O registro de propriedade intelectual foi deferido no mês de agosto e trata-se de um inovador processo para síntese de resinas poliméricas. Esse novo procedimento permite a obtenção de substâncias, no caso nanocompósitos, com elevadas propriedades tecnológicas, tais quais o aumento do módulo de elasticidade, resistência ao desgaste, resistência a propagação de chamas, estabilidade térmica e dimensional, além da elevação da capacidade do material absorver energia antes de fraturar.
Um dos inventores envolvidos, o professor do Departamento de Engenharia de Materiais da UFRN, Carlos Alberto Paskocimas, destacou que, dentre as muitas aplicações potenciais para este material, estão as resinas dentárias, utilizadas, dentro da odontologia, em situações variadas, como confecção da base de próteses parciais e totais, próteses provisórias imediatas, coroas provisórias, dentes artificiais, reparo de próteses totais, acrilização de aparelhos ortodônticos, dentre outros. “O processo está suficientemente delineado para permitir a sua implementação em escala produtiva, o que não afasta a necessidade de um projeto de planta de produção industrial”, frisou.
Por sua vez, Carlos Roberto de Oliveira Souto, docente do Instituto de Química e também pesquisador envolvido, pontuou que os elevados atributos técnicos são alcançados em virtude da incorporação de nanopartículas inorgânicas logo no início do processo de síntese do composto. Dessa forma, acontece uma melhor dispersão, o que ocasiona uma melhor interação entre as substâncias. “Assim, efeitos prejudiciais vinculados à formação de aglomerados com baixas interações efetivas com a matriz polimérica são eliminados, proporcionando a obtenção de componentes, peças ou pré-formas, com elevadas propriedades físicas e químicas associadas à confiabilidade”, explicou Carlos Souto.
Os pesquisadores ressaltaram que essa inovação no processo de fabricação resolve um dos entrave encontrados nos processos convencionais de obtenção de nanocompósitos de matriz polimérica. Neles, há um grande problema de processamento, que é associado à elevada área superficial específica das nanopartículas, que tendem a formar os aglomerados. Terceiro cientista envolvido na concessão da patente, o docente José Daniel Diniz Melo assinalou que ao formar aglomerados “estes se comportam como cargas comuns e rebaixam as propriedades do produto final, em virtude das baixas interações”. Também reitor da UFRN, Daniel Diniz fez questão de frisar a importância do processo de patenteamento.
“A concessão de patente é uma das formas de validar a produção científica e tecnológica da academia em determinadas áreas do conhecimento, atestando que determinado produto ou processo pode ter aplicação prática em benefício da sociedade. Dessa forma, além de trazer segurança jurídica ao inventor ou a um grupo de inventores, a patente endossa o caráter inovador e o compromisso da universidade com o desenvolvimento socioeconômico”, considera.
Números da UFRN
Chegando agora a 23 cartas-patente concedidas, a UFRN é a universidade líder no Norte-Nordeste neste quesito, à frente de instituições com Índice Geral de Cursos similar ao seu, como Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Federal da Bahia.
Dentro da instituição, as orientações e explicações a respeito dos aspectos para patentear uma determinada invenção são dadas na Agência de Inovação (AGIR), unidade criada em 2007, inicialmente sob a nomenclatura de Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT). Dentre suas atribuições, a Agência de Inovação é responsável pela gestão da propriedade intelectual, transferência de tecnologia e ambientes promotores de inovação na UFRN, acompanhando e estimulando, por exemplo, as atividades das incubadoras da Universidade, bem como as atividades dos parques e polos tecnológicos.
Fonte: Agir/UFRN