“Vai tomar…”

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Tem coisas bem interessantes que acontecem quando você assume um posicionamento baseado naquilo que você considera ser o correto, baseado em sua educação, seus princípios, seus valores, enfim, sua experiência de vida e, principalmente, COERÊNCIA.

A primeira é que você realmente se sente bem consigo mesmo. Afinal, coerência é algo que está cada vez mais escasso nos dias atuais. E acredite, somos sempre cobrados por ela, mas quando você se mantém dentro dela, num mundo onde isso é escasso, você será criticado, atacado, principalmente por aqueles que mudam seus posicionamentos de acordo com o vento de seus interesses.

A segunda é que você acaba descobrindo que algumas “amizades” não duram uma única discordância. Insinuações, adjetivações e acusações acontecem apenas por você discordar de algo. Eu sei que já caí na besteira de usar desses artifícios e me arrependo.

A terceira, e talvez a mais interessante, é que as acusações e críticas, na enorme maioria das vezes, não vêm seguidas de argumentos que possibilitam uma discussão inteligente. Quando você se dispõe a conversar sobre algo divergente, o máximo de inteligência que seu colega de discussão se propõe é enviar memes e nem de longe, tentar debater em cima de argumentos.

Hoje já fui chamado de liberaloide, de sentar no colo de esquerdistas, me mandaram tomar no c_ e quando procuro uma das figuras pra conversar em particular, acabo sendo chamado de “político oportunista”, tudo pelo simples fato de continuar defendendo aquilo que sempre defendi.

Evidentemente que a opinião dessas três figuras são totalmente insignificantes, visto que nenhuma é acompanhada dos argumentos que mencionei acima e baseadas somente num ódio ideológico.
A ideia de atacar, e sim a palavra é essa, e fugir, quem se mantém defendendo os mesmos ideais de sempre, virou algo corriqueiro demais pra quem só tem ódio ou que tem princípios e valores inconstantes.

Já disse o quanto entristece ver amigos que estavam ombro a ombro em manifestações contra a corrupção ou militando em favor da liberdade, se entregando a um sistema semelhante (guardadas as devidas proporções, pelo menos por enquanto) ao que combatíamos tão fortemente, atacando, direta ou indiretamente e indiscriminadamente essas pessoas. Pior, usando as mesmas armas, e agora, justificando isso da mesma maneira que o “inimigo” fazia.

Será que eu sou mesmo tão ingênuo de desejar fazer o certo, da maneira certa, para conseguir meus objetivos e não abrir mão disso? Será que pra conseguir chegar ao que quero, tenho que atacar, xingar e cancelar amigos e aliados apenas por eles não estarem 100% alinhados e por não baixarem a cabeça praquilo que tenho como único meio de conseguir o que quero? Será que vale a pena deixar de lado aquilo que tive como base de minha essência, de educação de meus pais e de experiência de vida com tantas pessoas maravilhosas e que, exatamente por serem diferentes de mim, me fizeram crescer como pessoa?

Eu realmente acredito que não valha a pena.

Eduardo Passaia

Consultor de empresa na área de tecnologia, turismólogo e liberal.

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