O Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) ultrapassou a marca de 20 mil testes realizados em amostras de pacientes do estado enviadas a seu laboratório. Desse total, 41,51% tiveram diagnóstico positivo para a doença. Os testes utilizados foram adquiridos com recursos do Ministério da Educação (MEC) e alguns equipamentos financiados com verba destinada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). O IMT conta com o apoio de outros departamentos da UFRN para realizar esse trabalho que acontece de segunda a sábado.
Atualmente, o Instituto atende demandas enviadas de 17 municípios, sendo Natal e Mossoró os que mais enviam material genético. Além desses, são testados pacientes das cidades de Apodi, Areia Branca, Caraúbas, Cruzeta, Janduís, Governador Dix Sept Rosado, Felipe Guerra, Severiano Melo, Rodolfo Fernandes, Itaú, Santa Cruz, Pureza, Grossos, Olho-D’água do Borges, Extremoz e São Gonçalo do Amarante. Esses testes são ainda estendidos aos profissionais de saúde com suspeita da covid-19, o que inclui sua própria equipe e a dos hospitais universitários Onofre Lopes (Huol), Ana Bezerra (Huab) e Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC).
O gráfico atualizado dos exames mostra que há um declínio acentuado no número de infeções no Rio Grande do Norte, considerando os testes realizados pela UFRN. Natal, que apresentou um pico considerável, também demonstra retração na contaminação pela doença, assim como Mossoró que teve leve subida de casos, mas que também demonstra diminuição. O município de Apodi já alcançou o platô da doença, mas ainda não conseguiu sair dele, já Areia Branca que começou com grande pico, apresentou queda durante alguns meses e agora aumento no número de transmissão.
Considerado exame “padrão-ouro”, o IMT utiliza o teste RT-PCR (do inglês, reverse-transcriptase polymerase chain reaction), para detectar se o vírus SARS-CoV-2 (causador da covid-19) está presente nas amostras recebidas. Com técnicas da biologia molecular, o método tem o intuito de detectar o RNA (material genético) do vírus na amostra coletada do nariz ou da garganta do paciente. Após receber a coletas em swab (haste para transporte de amostras), o Instituto realiza a extração do ácido nucleico (informação genética) e em seguida a amplificação do material, fase de detecção da presença do vírus. Por fim, o Instituto devolve os resultados para que seja feita a análise epidemiológica da doença.
Com capacidade instalada para chegar a 100 mil testes, essa demanda é atendida desde março, quando a UFRN mobilizou uma força tarefa para amparar o estado na luta contra o coronavírus. O quantitativo de exames realizados pelo Instituto de Medicina Tropical é informado à Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) para que seja somado às estatísticas gerais do estado, único responsável pela divulgação oficial da situação da pandemia.
Teleatendimento
Um diferencial no trabalho realizado pela UFRN é que médicos e profissionais da saúde estão fazendo contato telefônico com os pacientes testados através do serviço de teleatendimento do IMT. Nesse contato, as pessoas são informadas sobre o resultado dos exames e orientadas sobre os sintomas apresentados. No caso de paciente positivado, os médicos explicam as possíveis complicações da infecção e aconselham sobre as medidas adequadas de tratamento e proteção de outras pessoas.
O serviço que funciona por meio do telefone (84) 3342-2300, de segunda a sexta, das 8h às 18h, está disponível para qualquer pessoa que apresente algum indício da Covid-19. A proposta busca evitar a aglomeração nas unidades de saúde, principalmente hospitais, o que pode causar mais exposição e disseminação do vírus. Muitas pessoas podem não estar com a doença e serem contaminadas ao buscarem atendimento médico presencial.
Texto de José de Paiva Rebouças
Imagem: Anastácia Vaz
Fonte: Agecom/UFRN