A inovação está no cerne da criação do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN), tanto do ponto de vista dos seus objetivos como dos formatos desenvolvidos para suas formações e para a missão de criar um polo de Tecnologia da Informação no Rio Grande do Norte. Manter esse perfil exige um contínuo trabalho de reinvenção e de melhoria dos serviços que presta para a sociedade como um todo, abrangendo seus estudantes, setor produtivo e instituições públicas.
É tendo em vista essa meta que o IMD vem desenvolvendo, desde o ano passado, uma série de iniciativas que estão tomando forma ao longo de 2020, como é o caso do processo de criação do Núcleo de Ciência de Dados e Inteligência Artificial. Além disso, também se destacam a implantação de uma turma de Residência em Tecnologia da Informação voltada para a área de Saúde; a reestruturação e ampliação do Mestrado Profissional em Engenharia de Software – que passou a ser denominado de Mestrado Profissional em TI –; e a implementação do Programa de Educação Continuada (PEC).
Núcleo
A criação do Núcleo de Ciência de Dados e Inteligência Artificial é motivada pela crescente percepção da importância da pesquisa de dados na sociedade atual, uma área que tem se mostrado transversal tanto no que diz respeito à Tecnologia da Informação, como no que toca a vários campos do conhecimento. Assim, a sua formação tem se pautado pela busca de integração não apenas de docentes e pesquisadores do IMD, mas também de outros setores da UFRN e de fora da universidade.
“Uma análise ampla da UFRN vai levar à percepção de que os dados se constituem em ponto em comum de muitos projetos de pesquisas. Então, por que não criar um núcleo nessa área, por meio do qual possam se somar esforços?”, diz o professor do IMD, Ivanovitch Silva, um dos organizadores da futura unidade do Instituto.
Ele explica que muito desse trabalho tem sido justamente prospectar pesquisadores que atuam na área e que possam contribuir para a criação e desenvolvimento da iniciativa. “Trata-se de uma área multidisciplinar, e não apenas dentro da computação. É importante termos pessoas, por exemplo, do Departamento de Saúde, da Demografia e de outras áreas”, complementa.
A visão é corroborada pelo diretor do IMD, professor José Ivonildo do Rêgo. “Essa iniciativa do Instituto visa aglutinar as competências da universidade na área. A Ciência de Dados e a Inteligência Artificial são setores de grande relevância e com grandes impactos econômicos e sociais, além de terem um potencial intenso de gerar produtos e novos processos em todos os ramos da atividade humana”, destaca ele.
Essas unidades, formalmente denominadas de Núcleos Integradores de Pesquisa e Inovação (NIPI), têm por característica agregar professores, pesquisadores e profissionais, internos e externos à UFRN, objetivando apoiar os cursos oferecidos pelo IMD; realizar pesquisa científica teórica e aplicada no desenvolvimento tecnológico e na inovação; promover a transferência e a aplicação de conhecimentos por meio da extensão universitária; e apoiar o empreendedorismo e o processo de incubação e inovação na indústria de TI.
A expectativa do diretor do IMD é que o Núcleo de Ciência de Dados e Inteligência Artificial seja criado e comece a funcionar ainda neste ano de 2020. O Instituto já possui outros três núcleos, que seguem os mesmos princípios e objetivos, no entanto em áreas distintas: o de Pesquisa e Inovação em Tecnologia da Informação (nPITI); o de Engenharia de Software (SETE) e o de Bioinformática (BioME).
Residência
Também seguindo uma outra experiência bem-sucedida do IMD, foi criada no final do ano passado a Residência em TI voltada à área de tecnologias para o campo da Saúde, realizada em parceria com o Laboratório de Tecnologia e Inovação em Saúde (LAIS), vinculado ao Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN).
Essa turma de residência foi iniciada no início deste ano, depois de realizada seleção para os interessados. Ao todo, são 12 residentes do LAIS e cinco do HUOL. “O programa de residências em TI já é consolidado no IMD, tendo sido realizadas parcerias com alguns tribunais, com a Justiça Federal e com o Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos (NUPLAM), da própria UFRN. E como tanto o IMD como o LAIS possuem pesquisas na área de saúde, fizemos um levantamento de como uma unidade poderia contribuir com a outra e percebemos que o formato de residência se adequaria muito bem a ambas”, conta a coordenadora da turma, a professora do IMD Anna Giselle Ribeiro.
Ela explica que as disciplinas cursadas na Residência são da área de Business Inteligence (BI), passando por conteúdos de setores como Estatística e Aprendizagem de Máquinas, entre outras. Dentro do LAIS, os residentes estão atuando principalmente em dois projetos pré-existentes, vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS): o “Sífilis Não” e o “RevELA”, sigla para “Assistência à saúde e melhor qualidade de vida para pessoas com Esclerose Lateral Amiotrófica e seus cuidadores”.
Ao comentar sobre um dos programas Anna Giselle diz que o “Sífilis Não” se trata de uma campanha nacional, que envolve, dentre outros objetivos, a prevenção a essa doença, inclusive no que diz respeito à sua manifestação congênita, com crianças recém-nascidas. “Nesse caso, existe uma vertente focada em conscientização, por exemplo, e outra, de caráter mais tecnológico – e que está sendo desenvolvida pelos residentes – relacionada ao monitoramento e rastreamento de áreas que tem mais incidência”.
No que diz respeito ao RevELA, a docente afirma que também se trata de um projeto dentro do qual estão contidas diversas ações. “São vários subprojetos pra ajudar os pacientes que têm Esclerose Lateral Amiotrófica. Um deles, que já está em fase de teste com pacientes, diz respeito a proporcionar às pessoas com a doença – que é degenerativa e, com o tempo, leva à perda dos movimentos – a dar comandos, via um monitor, apenas com o movimentos dos olhos”, exemplifica.
As residência em TI do IMD são pós-graduações lato sensu que objetivam promover o diálogo entre distintas áreas e o campo da Tecnologia da Informação, de forma a qualificar os estudantes por meio do desenvolvimento de projetos reais, ao mesmo tempo em que incentiva o trabalho de inovação tecnológica. A formação tem duração de 18 meses e é dividida entre a atuação prática dos estudantes na instituição parceira e as aulas teóricas no IMD.
Mestrado
Outra novidade implementada neste ano no IMD foi a abertura da primeira turma do Mestrado Profissional em Tecnologia da Informação. Antes intitulada como de Engenharia de Software, a pós-graduação teve seu escopo de pesquisa ampliado, o que significou a criação de duas novas linhas de pesquisa, de modo que atualmente os estudantes podem desenvolver seus projetos em Inteligência Computacional, Infraestrutura de Tecnologia da Informação e Engenharia de Software.
Segundo o coordenador do mestrado, o professor Eiji Adachi Medeiros Barbosa, a mudança incluiu uma reformulação na estrutura curricular da pós-graduação e o ingresso de quatro novos professores, todos lotados no IMD. “Também foi uma forma de absorver esses docentes, que realizavam pesquisas em áreas estratégicas”, conta ele. A ampliação das linhas do programa já proporcionou que, entre 2019 e a primeira seleção de 2020, dobrasse o número de inscrições de candidatos a integrar a pós-graduação.
Eiji Adachi explica que o início desse processo de reestruturação se deu ainda em 2018, quando a CAPES, por meio da avaliação quadrienal que é feita nos programas de pós-graduação, constatou que havia uma maior concentração de trabalhos acadêmicos em uma das linhas da pesquisa existentes até então. “Isso fez com que o colegiado do programa fizesse uma avaliação e constatasse que realmente havia esse desbalanceamento. Além disso, percebemos que os trabalhos que já eram desenvolvidos iam além da Engenharia de Software e diziam respeito a áreas como Internet das Coisas, Redes de Computadores e Big Data, por exemplo”, recorda ele.
Foi a partir dessa constatação que o programa decidiu expandir sua área de atuação, mudando o nome e estrutura do mestrado e criando as atuais linhas de pesquisa. A tramitação para isso, junto aos órgãos da UFRN, e depois junto a CAPES, aconteceu ao longo do ano de 2019, com a primeira seleção sob o novo formato acontecendo no primeiro semestre deste ano.
O mestrado profissional foi criado em 2014 e seu foco principal é a realização de pesquisas aplicadas, voltadas principalmente para a resolução de problemas oriundos do setor produtivo e de instituições públicas.
A pós-graduação costuma abrir vagas duas vezes ao ano, com o primeiro edital disponibilizando o ingresso de 20 novos estudantes e o segundo, 10. Seu público-alvo é formado principalmente por profissionais que já atuam no mercado ou em órgãos públicos.
As vagas são distribuídas em três tipos distintos. Um deles voltado para empresas parceiras, cujo convênio com a UFRN só é firmado após a aprovação do candidato na seleção estabelecida em edital. O segundo tipo é de “ampla concorrências”, para qualquer candidato que deseje concorrer e que preencha os pré-requisitos, modalidade que acaba frequentemente abrangendo estudantes recém-formados na própria UFRN e que se engajam em projetos de professores da pós-graduação. O último tipo de vaga é destinado para servidores da UFRN.
Educação continuada
Na trilha de todo esse contexto de inovações, o Instituto Metrópole Digital também terá novidades no que diz respeito aos vários tipos de formações de curta duração que são oferecidas em seu âmbito. É que, no segundo semestre, o Instituto deve lançar o seu Programa de Educação Continuada, que se constitui em um modelo de organização cujo objetivo é facilitar a oferta, divulgação e visibilidade de tais cursos.
O programa vai se configurar em uma plataforma que tomará por base a estrutura já estabelecida do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA) para reunir, em apenas um site, cinco tipos de formações distintas: cursos de extensão; de aperfeiçoamento; especializações; as turmas de Residência em TI; e os cursos de Estudos Secundários.
“Tratam-se de formações já existentes na universidade. O que estamos fazendo é organizar todas em um único local, para que qualquer pessoa possa ter acesso a esses cursos não regulares. E a plataforma vai congregar não apenas as informações, mas também todo o processo de inscrição e acompanhamento por parte do estudante e da instituição”, explica o diretor de ensino do IMD, Daniel Sabino.
De acordo com ele, a iniciativa reforça um esforço do Instituto em atender demandas de formação de curto prazo para empresas e órgãos públicos, o que inclui um número grande de pessoas, devido à transversalidade da área de Tecnologia da Informação. “O que ocorre é que às vezes notamos que existe alguma necessidade do mercado de trabalho que precisa ser preenchida por capacitações que não são encontradas facilmente. Então ofertamos cursos rápidos e acessíveis para um profissional que já existe no mercado ou para alguém que esteja querendo entrar no mercado”, afirma o diretor de ensino.
Vocação
Ao comentar esse conjunto de novidades, o diretor do IMD, professor Ivonildo Rêgo, afirma que elas estão de acordo com a vocação do Instituto. “O que tem sido feito, desde o início do IMD, é buscar modelos de formação, de produção de conhecimento e de geração de negócios que atendam à missão de desenvolver um pólo de TI no Rio Grande do Norte”, destaca ele. “Desde o curso técnico, que foi a nossa primeira iniciativa, já tínhamos um modelo inovador e diferenciado. E o Bacharelado em TI também teve um formato novo e adequado para fazer a formação no nível de graduação, e que se integrou a cursos já existentes na universidade.”
Seguindo essa linha, ele explica que “o Programa de Educação Continuada é mais uma inovação dentro do Instituto. “E é isso que também estamos fazendo com o Núcleo de Ciência de Dados e Inteligência Artificial, que busca criar um espaço de produção do conhecimento, de criação de novos produtos nessa área”. Nesse âmbito, o diretor destaca ainda a ampliação das possibilidades de atendimento ao público com reestruturação do Mestrado Profissional em TI.“Já na Residência em TI na área da saúde, temos outro espaço importante de formar profissionais, e com um elemento fundamental, que é a integração de duas unidades da UFRN, o IMD e o LAIS, visando fortalecer mais ainda as competências da instituição nesse setor”, diz Ivonildo Rêgo. “As estruturas existentes estão sendo melhoradas e novas estão sendo criadas. Tudo isso significa que estamos sempre buscando novos modelos de formação ou de aglutinar programas já existentes, de modo a facilitar o acesso das pessoas que estão no mercado ou que ainda vão entrar no mercado, dentro da área de interesse da Tecnologia da Informação”.
Fonte: IMD/UFRN