A utilização em larga escala de combustíveis derivados do petróleo causa diversos problemas ao meio ambiente como, por exemplo, o aumento das taxas de dióxido de carbono na atmosfera. Em virtude disso, a indústria e governos ao redor do mundo têm procurado por novos combustíveis baseados em fontes renováveis e que não poluam o meio ambiente.
Dentre estas alternativas, está o biodiesel como uma alternativa viável ao óleo Diesel, já que é um produto renovável, não tóxico, biodegradável e pode ser usado em motores de ignição por compressão, ou seja, motores diesel. Contudo, durante a produção do biodiesel, uma das principais questões ainda em estudo é o uso de um catalisador adequado com a natureza do óleo utilizado.
Pensando nisso, cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) buscam patentear o desenvolvimento de um produto que pode ser aplicado na indústria, visando reduzir os custos de produção do biodiesel. Desenvolvida pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Tecnologias Energéticas da Universidade, a tecnologia traduz-se em um catalisador, substância proveniente de sílica oriunda da cinza in natura da casca da banana e obtida com metodologia modificada através de misturas físico-químicas.
“Cada vez mais busca-se a utilização de biocombustíveis em diversas áreas como, por exemplo, automobilística, agrícola e em indústrias. Especificamente, no que tange ao biodiesel, por ser um dos mais utilizados em âmbito nacional e mundial, se faz necessária a busca de metodologias que usem materiais e parâmetros reacionais que façam o custo do produto se torna mais viável economicamente, bem como que o processo de produção seja menos danoso ao meio ambiente”, explicou a professora Luciene da Silva Santos.
Sendo assim, continua a professora, o catalisador produzido atende a essas necessidades, pois usa reagentes de baixo custo para sua produção. “A sílica é proveniente de resíduo agrícola, o catalisador heterogêneo pode ser reutilizado, além de produzir menos resíduos no processo de purificação do biodiesel”, complementou Luciene, uma das autoras do pedido de patente. Além dela, José Alberto Batista da Silva, Keverson Gomes de Oliveira, Ramoni Renan Silva de Lima e Clenildo de Longe também atuaram na pesquisa que deu origem à invenção, estudo este vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ).
O grupo identifica ainda que a aplicação do catalisador pode ser avaliada no desenvolvimento de outras reações básicas, visando a obtenção de outros bioprodutos, situação que abre ainda mais o leque de aplicação do dispositivo. No documento que embasa o pedido para patentear o produto, o grupo de cientistas listou alguns dos diferenciais.
Primeiro, a fonte precursora de baixo custo, por se tratar de sílica obtida de resíduo vegetal. Segundo, a utilização de reagentes usuais torna o produto viável economicamente com metodologia de fácil aplicação. Terceiro, o tempo de produção relativamente curto, comparado a metodologias inseridas em diversas patentes. Além disso, a formação do catalisador ocorre em uma única etapa, com baixo consumo de energia, comparado a processos tradicionais.
Por fim, o produto apresenta características satisfatórias na utilização como catalisador em reações de transesterificação para produção de biodiesel, podendo ser, em parte, reutilizado em novas reações. Pode ainda ser utilizado em reações que envolvam diferentes matrizes oleaginosas, inclusive quando da utilização de óleo residual de cozinha, obtendo, ainda assim, elevados rendimentos reacionais.
Denominado “Processo de produção de um catalisador proveniente da cinza in natura da casca da banana (musa paradisíaca l.)”, o pedido desta patente passa a integrar o portfólio de ofertas tecnológicas da UFRN, disponível para acesso em www.agir.ufrn.br. O diretor da Agência de Inovação (Agrir) da UFRN, Daniel de Lima Pontes, explicou que as orientações e explicações a respeito dos aspectos para patentear uma determinada invenção são dadas na própria Agir, unidade localizada no prédio da Reitoria.
Contudo, durante o período de suspensão do atendimento presencial, as demandas devem ser enviadas através do e-mail patente@agir.ufrn.br. “Temos percebido nos últimos anos que os professores estão com maior cuidado em proteger suas invenções através do patenteamento. Aqui na Universidade eles contam com um cenário amplamente favorável, haja visto o suporte que a UFRN propicia neste processo”, afirmou o diretor.
Fonte: Agir/UFRN