Uma pesquisa da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, indica que medidas de distanciamento e quarentena por si só não impedirão novas ondas da Covid-19. Em artigo publicado no último dia 10 de junho na revista científica Proceedings of the Royal Society A, os cientistas afirmam que o distanciamento social só funcionará se aliado ao uso de máscara por pelo menos 50% da população.
“Nossas análises apoiam a adoção imediata e universal de máscaras pelo público”, diz Richard Stutt, líder do estudo, em comunicado. “O uso generalizado de máscaras faciais combinado ao distanciamento físico pode ser uma alternativa aceitável para gerenciar a pandemia e reabrir a atividade econômica antes da criação de uma vacina.”
Como explicam no artigo, os pesquisadores avaliaram a dinâmica da propagação do novo coronavírus entre indivíduos considerando modelos de nível populacional, avaliando graus variados de adoção do uso de máscaras e diferentes períodos de bloqueio. A modelagem também incluiu os diferentes estágios de infecção e transmissão do vírus por superfícies e pelo ar, além dos aspectos negativos do uso da máscara, como aumento do contato com o rosto.
O estudo constatou que, se grande parte da população usar máscara sempre que estiver em público, o índice R (número de indivíduos que uma pessoa com Covid-19 infecta) diminui consideravelmente. Para que a pandemia seja contida, essa taxa deve permanecer abaixo de 1.
De acordo com os cientistas, em todos os cenários analisados o uso de máscara se mostrou importante — e quando ao menos 50% da população adotou o acessório, o índice R foi menor que 1. As estimativas também mostram que se 100% das pessoas utilizassem máscaras, novas ondas de contaminação seriam evitadas por pelo menos 18 meses — tempo necessário para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19.
A equipe ainda investigou a eficácia de diferentes tipos de máscaras e concluiu que, os acessórios caseiros, feitos de algodão reutilizado, apresentam uma eficácia de 90% na prevenção da transmissão do Sars-CoV-2.
“Existe uma percepção comum de que usar uma máscara facial significa que você considera os outros um perigo. Na verdade, ao usar uma máscara, você protege principalmente os outros de si mesmo”, explicou John Colvin, coautor do estudo. “Questões culturais e até políticas podem impedir as pessoas de usar máscaras, então a mensagem precisa ser clara: minha máscara protege você, sua máscara me protege.”
Fonte: Revista Galileu
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