Dando uma espiadinha no dicionário, a nanotecnologia pode ser definida como aquilo que estuda a manipulação do átomo ou da molécula e que pretende aplicar a tecnologia em mecanismos com grandezas de nanômetro, ou seja, da ordem de bilionésimos do metro, que corresponde a 1×10−9 metro ou ainda 0,000000001 metro. Complicado imaginar? E que tal imaginar a utilização dessas partículas mínimas na produção de circuitos e dispositivos eletrônicos ou ainda na produção de medicamentos que agem de forma direcionada dentro do corpo.
Esse universo invisível é parte da pesquisa realizada pelo professor João Medeiros, do Departamento de Física da UFRN, iniciada em 2014, no Center for BioNano Interactions (CBNI), localizado na Irlanda, que é um centro de pesquisa dedicado ao avanço do conhecimento e aplicação de estruturas em nanoescala e que é pioneiro em técnicas e abordagens na área.
A pesquisa desenvolvida no CBNI concentra-se nas interações entre nanomateriais e sistemas vivos para desenvolver novas maneiras de usar a nanoescala em terapias de precisão, diagnósticos e outras tecnologias convergentes avançadas. “Nossa pesquisa, mais especificamente, consiste em desenvolver técnicas que permitam a caracterização e classificação das nanopartículas desenvolvidas no CBNI e que apresentam estruturas complexas”, explica o professor.
Para isso, o trabalho é desenvolvido em estreita colaboração com os demais pesquisadores do grupo, a maioria químicos e biólogos, usando ideias multidisciplinares para a caracterização de tamanhos e interações nas superfícies das nanopartículas, detecção do formato das nanopartículas e a sua classificação e identificação. “Basicamente o CBNI produz (sintetiza) nanopartículas que podem ser usadas na área médica como vetores para levar os medicamentos de forma direcionada aonde for necessário. Essas nanopartículas também podem ser utilizadas em diagnósticos para levar contrastes, por exemplo”, afirma João Medeiros.
O professor também ressalta que com o crescente universo de formas em nanoescala, nomes como nanoflores e nanostars não descrevem mais precisamente ou caracterizam a natureza distinta das nanopartículas, de forma que sua classificação e identificação de uma maneira sistemática é essencial. “Essa estrutura quantitativa com a capacidade de descrever os aspectos relevantes dos conjuntos das formas também pode vincular as estatísticas de formas das nanopartículas à função biológica de maneiras novas e até agora não descobertas”, considera.
Em colaboração com o grupo da University College Dublin (Irlanda), o professor João Medeiros e o pós-doutorando Franciscio Alírio publicaram artigo na nova revista do grupo Nature, Communications Materials, sobre o método de identificação e classificação de nanopartículas, a partir de imagens de microscopia de transmissão eletrônica. A publicação, que também recebeu destaque na revista científica Nature Nanotechnology, pode ser acessada aqui.
Fonte: Agecom/UFRN