Nossa cultura está um caos, e nossa história sendo destroçada pelo descaso humano e social que temos que enfrentar diariamente, vivendo em uma comunidade altamente consumista, egocêntrica e mesquinha, que visa tanto o status em ter grandezas no futuro, mas não resguarda seu passado e as lutas e momentos que o fez chegarem até aqui.
Desta vez, foi o prédio do Museu de História Natural da UFMG, que pegou fogo na manhã de segunda-feira do dia 15 de junho, alastrando por todo o telhado, consumindo boa parte do material fóssil residido no local, principalmente uma parte que não é exposta ao público. Uma perda lastimável, pois trata-se de peças e coleção científica de plantas e reserva vegetal.
O Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, foi fundada a pouco mais de seis décadas na Faculdade de Filosofia da universidade, remetendo a extinta Sociedade Mineira de Naturalistas, com o objetivo em estimular diferentes pesquisas e atividades científicas.
Porém, não esquecemos que anos atrás o país sofreu perdas condenáveis à cultura e história do Brasil, entre essas o Teatro Cultura Artística (2008), Instituto Butantan (2010), Memorial da América Latina (2013), Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios (2014), Museu da Língua Portuguesa (2015), a Cinemateca (2016) e o Museu Nacional (2018). Órgãos nacionais de suma importância não apenas para a cultura, mas principalmente para a história, pois são lugares que preservam a verdadeira essência da nação.
Porém, pouco se foi feito para preservar e melhorar as ativações de outros museus e centros culturais do país, tratando com descaso os patrimônios culturais da nação, não dando importância ou relevância do que iremos ter para mostrar no futuro, como afirmou a socióloga, historiadora e professora Juliana de Oliveira sobre tais referências sobre a educação para o desenvolvimento social e cultural da nação, dizendo que “a escola é o abrigo e o museu o foco da lembrança/memória e onde as pessoas podem se armar para lidar e lutar. Existe um apagamento em curso, da cultura e da educação“.
Visando para as nuances do nosso presente, talvez até nosso futuro parece incerto e repleto de ressentimentos e mágoas afloradas por governantes e civis, aonde uma guerra de ódio é tomada, entre duelos indiscutíveis, enquanto nossa história é aniquilada pela displicência imensurável gerada por uma arrogância que acredita ser superior aos demais e acaba sufocando todos que estão abaixo, não dando voz e nem vez para se expressar e relatar abertamente tais casos de extrema necessidade e magnitude para toda a nação. Todavia, segundo a socióloga, nem toda análise são apenas respostas dicotômicas, há de se analisar distintas situações, alegando que “haverão mudanças em muitas maneiras de ver o passado e nas maneiras de ‘guardar’ ele“. Mas então, a professora deixa uma questão em evidência; “Como será que daqui a alguns anos as próximas gerações estudarão sobre o século XXI?“, e ainda completa dando relevância a história e suas pesquisas à humanidade; “Se eles não estiverem mais ao nosso alcance de maneira presencial, o virtual poderá suprir essa ausência?“.
Todavia, o ser humano produz arte desde o momento em que abre os olhos, até quando vai dormir, é uma produção finita de momentos, histórias e jornadas de uma vida tanto em particular como no coletivo, refletindo diretamente no futuro e desenvolvimento cultural do país. Tendo em si que “as análises e interpretações são necessárias, por isso a função de historiador está ali para lembrar do que foi e sempre gerar questionamentos para o que é e vislumbrar um novo ‘o que será?’, e os os artistas estarão ali pra conectar esses elos também“, completa a historiadora.
Todos sabem quão a arte, a cultura e as ciências, são fundamentais para o desenvolvimento de um país, aquele que não preserva seu passado e suas descobertas, tampouco sem as expressões artísticas, não há como se desenvolver nunca, transformando sua nação em um povo irradio de ações sem fundamentos, que não difere o certo do errado, atacando todos e tudo que vão contra seus pensamentos e suas sentenças.
Por isso, preservar sua história, é guardar momentos para que as futuras gerações possam refletir sobre erros e acertos do passado, visando ampliar a importância e relevância dos fatos, pesquisas e cultura que ali existiram, e não fardos de amontadas indagações descartáveis e triviais.