Acionar a descarga da privada com a tampa aberta pode criar uma nuvem de gotículas que espalha infecções como o coronavírus, de acordo com uma nova pesquisa. Cientistas chineses calcularam que a descarga pode expelir a nuvem para cima e para fora da privada.
As gotículas podem viajar até 91 centímetros a partir do chão, segundo o modelo de computador usado por cientistas da universidade de Yangzhou. O trabalho foi publicado na revista científica Physics of Fluids.
Fechar a tampa seria suficiente para impedir isso:
O coronavírus se espalha por gotículas no ar que são emitidas por tosses e espirros, ou por objetos contaminados com o vírus. Pessoas infectadas também podem ter vírus nas suas fezes. Mas ainda não está claro se essa é uma forma de contágio entre pessoas.
Cientistas no mundo todo estão testando sistemas de esgotos para determinar como algumas pessoas podem ser contaminadas pelo coronavírus. Outros vírus podem se espalhar devido à higiene precária no banheiro, o que é conhecido como rota fecal-oral.
Quando a água atinge o interior da privada durante a descarga, ela bate na lateral, criando turbulência e gotas. Essas gotículas são tão pequenas que flutuam no ar por mais de um minuto, segundo o estudo do cientista Ji-Ziang Wang e seus colegas da universidade Yangzhou.
O professor Bryan Bzdek, da Bristol Aerosol Research Centre na Universidade de Bristal, disse que não há evidências de que o coronavírus seja transmissível por essa via, mas que faz sentido as pessoas se precaverem.
“Os autores do estudo sugerem que, quando possível, nós devemos manter o assento da privada abaixado quando damos descarga, limpar o assento e qualquer outra superfície de contato frequentemente, e limpar nossas mãos depois de usar o toalete.”
“Enquanto esse estudo é incapaz de demonstrar que essas medidas vão reduzir a transmissão do vírus Sars-CoV-2, muitos outros vírus são transmitidos pela rota fecal-oral, então essas são práticas boas de higiene sempre, de qualquer jeito.”
Pesquisa brasileira também alerta:
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos, indicaram a presença de coronavírus em 100% das amostras coletadas na bacia do Onça, sistema de esgoto que atende Belo Horizonte e Contagem. No boletim anterior, o percentual era de 80%.
A pesquisa também constatou aumento no sistema de esgoto do Arrudas. Anteriormente, o percentual de amostras com coronavírus era de 71%. Já o boletim divulgado nesta sexta-feira indicou 86%. Os resultados obtidos no Arrudas e na bacia do Onça são referentes à análises em laboratório relativas à oitava semana de trabalho, de 1.º a 5 de junho.
As informações obtidas pelos pesquisadores, com base na contagem da carga viral encontrada nas amostras de esgoto, estimam que 23 mil pessoas, que representa 0,6% da população que contribui para os sistemas do Arrudas e do Onça, estejam infectadas pelo coronavírus. O número pode indicar um possível avanço da pandemia.
Entre 3% e 7% dos moradores que vivem em três regiões da bacia do Onça estariam infectadas, de acordo com os pesquisadores.
Fonte: BBC News / Jornal O Estado de Minas