Não é de hoje que pessoas se utilizam do cristianismo para ganhar dinheiro, mas em nossos dias tal prática tem tomado proporções inimagináveis. O absurdo vem de todas as partes e a coisa toda mais parece um frenesi de tubarões atacando uma carcaça suculenta, sem o menor pudor ou traço de senso crítico. E infelizmente a Palavra de Deus e o próprio Deus vão sendo apresentados como um ‘produto’ pelos marqueteiros da fé.
Padres galãs, pastores devotos da prosperidade, livros chinfrins, CDs/DVDs de música gospel, roupas para cristãos, Bíblia da mulher / do homem / da criança / pentecostal / do adolescente / com letras grandes / na linguagem de hoje / em quadrinhos, agência de turismo cristão, serviço de TV a cabo, conglomerados midiáticos gigantescos pertencentes a igrejas, canais de telemarketing cristão, cartões de crédito com emblema de igreja… A lista dos “produtos” que pegam carona no filão cristão é imensa e somente cresce a cada dia.
Como se não bastasse, o pior exemplo vem de dentro das próprias igrejas, que não raramente vêm tratando seus frequentadores muito mais como “clientes” do que fiéis (e se digladiam por eles, tal como numa típica concorrência comercial…). São os dízimos e as ofertas os troféus disputados, pois são estes que sustentam os templos suntuosos, jatinhos, fazendas, mansões, carros importados… — não a toa algumas entidades religiosas já se referem a suas ‘ovelhas’ com a nomenclatura de ‘mantenedores’. Tudo isso comoda e devidamente justificado pela teologia da prosperidade.
Estes falsos líderes religiosos se utilizam do nobre ato de alcançar almas para Deus como justificativa para, na verdade, amealhar verdadeiras fortunas e construírem seus ‘impérios da fé’. Porém, tanto eles como os que lhes seguem, esquecem que Jesus Cristo e os apóstolos espalharam a Palavra de Deus sem nenhum desses recursos, antes sendo pessoas pobres e dispondo somente de muita vontade de cumprir a missão que lhes havia sido confiada. E a ideia básica por trás do sucesso deles foi simplesmente repassar ao próximo a mensagem compreendida, apenas isso!
O que mais me deixa abismado é ver pessoas que leem a Bíblia, que conhecem as palavras de Jesus e que mesmo assim continuam alimentando a existência desse acanalhamento. Sim, pois Cristo deu o exemplo primeiro a esse respeito no episódio bíblico conhecido como “Os vendilhões do templo” :
Estando próxima a páscoa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e também os cambistas ali sentados; e tendo feito um azorrague de cordas, lançou todos fora do templo, bem como as ovelhas e os bois; e espalhou o dinheiro dos cambistas, e virou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. Lembraram-se então os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me devorará. (João 2:13-17)
Ora, a Palavra de Deus existe para libertar o ser humano e não para servir-lhe de fonte de lucro!!! Não sejamos conivente com esse comércio que carrega indevidamente o nome de Deus consigo! A decisão é nossa: sermos coniventes e alimentarmos esse absurdo ou nos indignarmos (tal como fez Jesus no versículo acima), tomando uma postura contrária.
Tracemos algumas diretrizes pontuais:
- NÃO COMPRE PRODUTOS GOSPEL (Deus não é negócio);
- NÃO DÊ DINHEIRO PARA IGREJAS E ENTIDADES RELIGIOSAS MILIONÁRIAS (Deus sempre precisou apenas de pessoas dispostas a pregar o Evangelho e não de dinheiro);
- ANTES DE ACHAR QUE TER MUITO DINHEIRO É SINÔNIMO DE “ABENÇOADO POR DEUS” LEMBRE-SE QUE O REI DOS REIS NASCEU POBRE, FOI CRIADO POR UM CARPINTEIRO, NÃO TINHA NENHUMA PROPRIEDADE OU PALÁCIO E FOI CRUCIFICADO COM UMA COROA DE ESPINHOS (benção de Deus é depender apenas Dele e não do dinheiro).