Independentemente de qualquer discussão ideológica, o fato é que durante a pandemia do covid-19 o “barco Brasil” perdeu o leme. Aliás, junto com ele se foram o “capitão”, o bom-senso, a sanidade e a própria vergonha na cara – ao tentar disfarçar que interesses financeiros estão sim se sobrepondo aos da saúde pública e pressionando cada vez mais o Governo Federal. E assim, restam aos brasileiros, mais uma vez, a condição de náufragos à deriva no mar.
A população está submetida a perigosíssima fórmula desinformação + fake news + falta de discurso oficial, cujo resultado nunca foi algo positivo. Enquanto isso, paira no ar a pergunta feita, a portas fechadas, pelo Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, ao Presidente Bolsonaro: “quem está assessorando o senhor nas questões de saúde?”, o silêncio foi a resposta. Porém, levando-se em conta os recentes discursos e ações estapafúrdias de nosso mandatário maior, percebe-se que as chamadas “pílulas informativas” e os estudos científicos mais primários (para não dizer duvidosos…) têm sido a fonte para tanta diarreia eloquente. Não à toa, o jornal americano Washington Post elegeu Bolsonaro como “o pior líder global a lidar com o coronavírus”. Parabéns!
A verdade é que os “grandes credores” responsáveis pela eleição de Jair Bolsonaro estão agora batendo na sua porta. Ruralistas e gigantes do setor comercial (grupo Havan a frente…) pressionam pelo fim do isolamento social e da política de não-demissão, uma vez que já vinham se acostumando com os lucros gerados pela flexibilização unilateral das leis trabalhistas, além dos subsídios e isenções generosas. Para estes pouco importa que a contaminação se alastre pelas cidades, pois sempre haverá mais trabalhadores do que empregos ofertados e manter os lucros é a missão primordial.
Enquanto uma maioria de incautos se distraem com a discussão ideológica imbecil e dual que se alastrou pelo país, este segue rumo ao desastre. E não de um tipo qualquer, mas sim do mais grave: o que envolve a vida dos mais necessitados e indefesos. Travestindo-se de “povo”, as palavras e ações de Jair Bolsonaro sempre disseram o oposto: se diz cristão, mas prega o “bandido bom é bandido morto” (o oposto do que Jesus disse ao ladrão na cruz…); se diz pró-democracia, mas apoia o fim das instituições democráticas; fala de liberdade de expressão, mas sempre que pode ataca o jornalismo que não lhe beija a mão; se diz a favor dos brasileiros, mas defende os interesses mesquinhos e desumanos de apenas alguns deles.
É por isso que deixo o aviso aos meus compatriotas do “Brasil de verdade”, independentemente das vertentes políticas que sigam: cuidem uns dos outros e não creiam em toda sorte de informações vinda deste governo, pois o interesse dele não são os nossos.