Quem nasceu, aprendeu ou desenvolveu de alguma forma os dons de escrever e fotografar – ou os dois juntos – não vivencia profissionalmente tempo ruim.
A matéria prima para textos e fotos é farta e presente em eventos, paisagens, pestes, relacionamentos, paixões, cultura, lazer, geopolítica, enfim, a qualquer tempo, em qualquer lugar, todo o existente é ingrediente para o livre expressar.
A pandemia que atravessamos, mesmo estando a humanidade bem no olho do furacão, possibilita aos trabalhadores citados o exercício dos seus ofícios, considerado por muitos como essencial, tanto quanto os da área da saúde, segurança e da alimentação, entre outros.
Mesmo assim, com a consciência que a informação é fundamental, como repórter fotográfico, saindo em minha moto sozinho, fotografando o vazio da cidade, criando assim junto a outros, um banco de memória da contemporaneidade, ainda leio em meus posts e fico sabendo por terceiros, de críticas por essas minhas três saídas.
Quem critica, para ter mais sensatez, precisa deixar claro que é contra a atuação de todos os jornalistas, repórteres de jornais, TVs e portais, entrevistas em estúdios etc.
Caso a pessoa esteja incomodada, chateada ou revoltada, apenas comigo, ou Canindé Soares, ou algum outro, neste caso caracterizaria uma espécie de preconceito, uma questão pessoal, uma vez que nada diferencia o meu trabalho de nenhum outro, posto que a intenção é mostrar como o planeta está e colaborar também.
No meu caso, por exemplo, as fotos que posto de praias com pouco movimento, praças, estradas, passam a informação para as pessoas que a imensa maioria está recolhida.
Se as fotos mostrassem muitas pessoas na praia – por exemplo, muitos também iam querer o mesmo prazer.
Faço este trabalho sem ganho financeiro, até me arriscando, e sabendo desses comentários.
Alguns são em tom de brincadeira. Esses sem problema nenhum, até gosto e interajo.
Os demais paciência. Dinheiro não me move, muito menos fama.
Andando com minha Melzinha nos shoppings ela fica irritadíssima pois não dou quatro passos e paro para prosear com um, papear com outro, aí ela me puxa dizendo que sou famoso demais, que conheço todo mundo.
Fama então é hoje um problema kkk, melhor não ser para melhor se locomover.
Esses comentários ocorrem por causa de inveja as vezes, vingança por chateações ideológicas de política, e até o estresse da quarentena.
Fazendo uma analogia com nosso passado, a Casa Grande recolhida montou sua Disneylândia em casa e abastecida por salários públicos ou reservas privadas, passa o tempo filosofando, julgando e obedecendo as ordens.
A turma da senzala, recebendo a doação das orelhas, pés e rabos dos porcos, monta sua feijoada da maneira que pode, mas a caridade dos senhorios não chega a todos, provocando ao cabo de semanas, uma crescente necessidade de alforria.
A continuação do confinamento dos sem tudo, levará multidões aos crematórios da fome, depressão, miséria, culminando nos campos de concentração da morte.
Nesta analogia pesada de Disney, Hitler, escravos e extermínio, não existem culpados aparentes e tampouco conscientes.
As ordens parecem ser decentes e prementes, mesmo que os trens da morte já estejam chegando nas estações.
A caridade dos senhores de engenho é paliativa, governos são execrados em todas as suas posições.
O vírus deixou todo mundo órfão de tudo, qualquer coisa pode ser a certa ou errada, estando no olho do fenômeno, nossa miopia não encontra razão no passado, o presente atordoa, o futuro é o próximo capítulo.
Com ele acontecido, chegará o tempo do funeral do Corona e, nele, ouviremos:
– tá vendo, EU tinha razão, tinha mesmo que ter feito assim…
– fulano se consagrou, está eleito fácil, fácil…
– acabou para beltrano, fudeu…
– e agora José, Corona foi, quem vem por aí?
E eu com minha Canon fazendo alguns registros penso: que situação, rapá…
Flávio Rezende aos vinte e vinte e oito dias, terceiro mês, ano dois mil e vinte. 12h19. Ponta Negra.
Mais no www.blogflaviorezende.com.br
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Crédito das Fotos: Arquivo Pessoal