A vertigem seguida da náusea é uma daquelas obras que você começa e não consegue mais para de ler.
Com uma escrita bastante despojada, lembrando autores beat, porém mesclando com um linguajar moderno e regional, a obra de William se torna uma leitura muito agradável e divertida. Em seus vários contos podemos fazer uma viajem, tanto temporal como de lugar. Ele consegue, com facilidade, nos transportar para tempos e lugares, muitas vezes familiares aos potiguares, outras vezes memoriais.
“Meu fascista favorito” é uma boa amostra disso. O conto nos transporta a uma Natal na 2ª guerra e registra uma das lendas em volta do famoso Casarão da Rua das Virgens, na Ribeira e como surgiu a famosa “suástica” naquela residência.
“O pai do menino não podia adivinhar que o sentido de uma suástica deveria estar sempre no sentido horário. O italiano, dono do sobrado, tampouco se preocupou muito com o detalhe do presente que lhe fora enviado, e que agora enfeitava o chão de sua sala, como uma espécie de tapete vermelho por onde desfilava a nata da sociedade potiguar; alguns, metidos em frivolidades, outros, falando de cangaço, comunismo e integralismo, e das expectativas quanto à inauguração do Stadium Juvenal Lamartine.”
Trecho de “Meu fascista favorito”
Já em outros contos o autor consegue unir com perfeição um linguajar mais culto com uma linguagem mais popular, típica do povo natalense. Como em “Os Pica” e “Você conhece o Mário?”, tudo soa de um modo natural, espontâneo, como se os personagens estivessem conversando com o leitor.
A vertigem seguida da náusea é uma obra gostosa de se ler, que demonstra um conhecimento filosófico, literário e de mundo, como poucas, e faz isso de forma alegre e divertida, sem parecer nada acadêmica e, tampouco, prepotente.
A obra de William Eloi está disponível de forma virtual na Amazon, ou na forma física pela Editora Sol Negro.