Nos últimos dias, o telefone e o WhatsApp da geriatra Claudia Burlá, doutora em bioética e referência nacional na área de medicina paliativa, não pararam. Ela cuida de pessoas frágeis, muitas com demência, e tomou a decisão de ir na casa dos pacientes porque, para os idosos, o maior risco é justamente sair e se contaminar durante a pandemia do novo coronavírus. “Esta é uma situação de guerra e não podemos, em hipótese alguma, tirar o idoso de dentro de casa. Se sair, a chance de ele se infectar é enorme. E o cuidado para que não seja infectado por pessoas que o visitem tem que ser redobrado”, diz.
Portanto, todas as atividades externas têm que ser suspensas, sem exceção. Hidroginástica? Não. Missa? Não. Shopping? Não. Voltinha no quarteirão? Também não! No entanto, ela é da opinião de que profissionais da saúde podem ir à casa dos pacientes se tomarem todas as precauções em relação à higiene, como lavar as mãos e usar álcool em gel. “A fisioterapia é uma modalidade terapêutica não medicamentosa da maior importância. Quem tem um comprometimento funcional necessita desses cuidados para melhorar o equilíbrio e não cair. E fonoterapeutas trabalham para minimizar o risco da tão temida broncoaspiração”, lembra a geriatra.
O uso da tecnologia deve ser ampliado para diminuir a sensação de isolamento, o que inclui o suporte psicológico, que pode ser feito por telefone ou pela internet. “Tenho uma paciente que toda semana reúne filhos, netos, bisnetos e agregados para jantar. Já combinamos que esses encontros serão digitais nos próximos meses”, conta a médica. Mais uma consideração relevante: em caso de resfriado, o idoso não apresenta os mesmos sintomas que as pessoas jovens. Muitas vezes, ele nem sequer tem febre. “A manifestação é atípica no velho. Antes da febre, podem surgir mudanças no comportamento: o idoso dorme em excesso, ou fica agitado e apresenta um quadro de confusão mental. É preciso estar atento porque o sinal mais preocupante é a falta de ar, que não pode ser controlada em casa”, ensina a geriatra.