Este evento discurso grotesco protagonizado pelo demitido secretário da cultura, Roberto Alvim, serve para debatermos os rumos da nossa cultura.
A minha pergunta é: o remédio para décadas de doutrinação na cultura e educação é termos a mesma dose do veneno no sentido contrário? Alguém realmente acredita que décadas de doutrinação planejada serão anuladas com verborragia barata?
O próprio governo tem levantado polêmicas desnecessárias em nome desta guerra, não que não se deva entrar em bolas divididas, mas não vislumbro sequer um único projeto da esquerda que não seja o anti bolsonarismo puro e simples, e são estas polêmicas que fazem a esquerda ter palco, ter visibilidade, algo que não teria sem as mesmas.
“A grande lei da cultura é esta: deixar que cada um se torne tudo aquilo para que foi criado capaz de ser”
– Thomas Carlyle -.
Agora a pauta mais interessante, e que foi deixada de lado no início do governo por conta de pressões, é a questão da necessidade ou não de uma secretaria ou ministério da cultura, que como se viu até hoje, acaba sendo escritório ideológico do governo de plantão. Até onde o Estado deve se meter com a cultura? Do mesmo jeito que o tresloucado Alvim deixou claro que usaria a cultura em agenda pró bolsonarismo, sabemos que a cultura foi usada pró governos anteriores. Óbvio que não é correto, principalmente porque parte destes absurdos são custeados com dinheiro que deveria estar empregado na educação, saúde e na segurança do povo brasileiro.
A cultura é a maior expressão de seu povo e não de seu Estado, do governo da hora ou de políticos populistas sejam eles de qualquer bandeira ideológica.
A maior benfeitoria para a cultura brasileira é o Estado se afastar dela, deixar que ela encontre seu mercado, encontre seu caminho, seus desafios e conquiste seus apoiadores, seus fãs, independente da grana pública para que realmente se fortaleça, sem subterfúgios que simplesmente jogam um véu sobre a verdadeira viabilidade desta cultura. Com a injeção de dinheiro público, com a decisão de quem merece ou não receber esta grana, temos um apartheid cultural logo no filtro inicial, separando a partir do julgamento de burocratas iluminados, quem terá a chance ou não de ser artista bancado por todos nós.
Que tal deixarmos a cultura andar com suas pernas, sem Gilbertos, sem Robertos, sem Stalins e sem Goebbels?
Eduardo Passaia
Consultor de empresa na área de tecnologia, turismólogo e liberal.
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