A imprensa perdida

Apesar de tocador de rock (não tenho a audácia de me considerar músico) por tantos anos, é muito difícil que eu escute música no carro. Normalmente escuto notícias ou podcasts sobre política em geral ou empreendedorismo tecnológico (minha área de atuação). Sou consumidor inveterado de notícias, todas elas nas FMs natalenses.

Dito isto, fico impressionado como, mesmo depois de um ano de um governo que tem um bom grau de liberalismo econômico, temos comentaristas de programas de rádio, principalmente locais, que não fazem a menor ideia do que está realmente acontecendo no Brasil de Paulo Guedes e seus Chicago Boys. Tirando raríssimas exceções locais, o que vemos é um total desconhecimento do que o liberalismo realmente prega, do que está no DNA liberal, quais as escolas e quais exemplos existem no Mundo.

Vemos ainda hoje, pessoas que falam sobre as crises de 1929 ou 2008, como advindas de uma política liberal ou, pior ainda, como crises do capitalismo, sem sequer mencionarem o intervencionismo vivido pelos Estados Unidos nos períodos anteriores de ambas as crises. Vemos comentaristas falando que as políticas de esquerda (social democracia) fez dos países nórdicos, ricos e, pior, espalham esta tremenda bobagem usando Portugal como referência atual, levantando a falácia de ser incoerente o brasileiro que votou na direita procurar um país de esquerda para morar. Amiguinho, Portugal não tem nada de esquerda. Oras, não precisa fazer qualquer pesquisa para saber que a Suécia, por exemplo, conquistou toda a sua riqueza até idos de 1950, com um Estado totalmente liberal, onde a regulação era praticamente desconhecida e a livre concorrência era a única regra do jogo, mas que desde os anos 1990, período da Grande Depressão Sueca, vem voltando ao caminho liberal pelo simples fato que a produtividade, como em todo país com políticas sociais democratas, diminuiu, tornando insustentável a quantidade de benefícios e privilégios que o Estado oferecia. Já Portugal, surfa na grana da União Europeia e, mesmo assim, necessitou de reformas liberais enormes para consegui-la.

Estes comentaristas confundem, por exemplo, o direito individual (sagrado aos liberais clássicos) de cada cidadão proteger seu bem mais precioso, sua vida, possuindo e portando uma arma de fogo, com política de segurança pública. Me desculpe, mas isto é de uma ignorância majestosa.

“Não esperar senão duas coisas do Estado: Liberdade e Segurança, e ter bem claro que não se poderia pedir mais uma terceira coisa, sob o risco de perder as outras duas.”

-Fredéric Bastiat-

Falei disso para exemplificar e porque vejo que estes comentaristas realmente estão perdidos e não fazem muita questão de entenderem o rumo que o Brasil está tomando. Talvez pela soberba de acreditar que depois de um certo tempo, os conhecimentos apenas são de uma única via. Claro que muitos deles surfaram muito tempo onde existia apenas uma linha de pensamento e ai de quem ousasse ser diferente a esta linha. Vimos o que aconteceu com o blogueiro e apresentador que falou bobagens e acabou massacrado, algo que nunca aconteceu antes com aqueles que estavam sempre alinhados ao pensamento vigente. Estes já falaram bobagens tão grandes quanto, mas nunca iriam receber uma carta de repúdio, afinal… bem, sabemos. Sabemos também que temos em nossas rádios e TVs muitos jornalistas com ligações “profissionais” com vereadores, deputados, senadores, prefeitos etc, o que com certeza faz travar algunos comentários. Outros são verborrágicos e atacam seletivamente seus alvos, mas nada mais que isto. E evidentemente existem aqueles que são propagadores do caos, que por serem deliberadamente de corrente ideológica diferente da do governo de agora, é adepto do quanto pior melhor.

Espero muito que as poucas vozes liberais e conservadoras se multipliquem por dois motivos fundamentais e justos:

1º- para que tenhamos comentários que estejam mais adequados com a realidade dos fatos;

2º- para que tenhamos debates de ideias mais inteligentes e não os joguinhos de comadre que vemos na maioria dos programas;

Ficamos na torcida que vozes dissonantes e desconcertantes apareçam para que as informações cheguem de forma mais plural a todos, e claro que faço questão de dar a  minha sugestão de leitura para iniciantes a eles que, para entender um pouco daquilo que o Brasil começa a viver hoje, possam ler “As Seis Lições de Mises” e “O LIberalismo”, ambos do gênio Ludwig Mises, “Capitalismo e LIberdade” de Milton Friedmam, da Escola de Chicago (mesma de Paulo Guedes)  e “A Lei” de Fredéric Bastiat. É um ótimo início para que estes comentaristas possam entrar num mundo novo e que não falem tanta coisa sem sentido, onde parece que confundir o ouvinte é a única intenção.

Eduardo Passaia

Consultor de empresa na área de tecnologia, turismólogo e liberal.

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