Matheus Xavier tinha 15 anos quando viu um amigo da escola costurando palavras de um conto em um aplicativo de celular. Mesmo nunca tendo muito incentivo para a literatura, ele se inspirou com a possibilidade de também tecer uma história. Correu para casa e começou a bordar o que se tornou Dyspertism, seu primeiro livro. Além de escrever, Matheus – que está prestes a completar 18 – ilustrou e editou o livro, lançado na última segunda-feira, 2.
Ele escolheu como local a biblioteca da Escola Estadual Professor Eliah Maia do Rego, em Parnamirim, onde estudou pelos últimos cinco anos e está prestes a concluir o Ensino Médio. Mesmo sem pompas de grandes lançamentos, o evento teve a grandeza artística e o protocolo de autógrafos e dedicatórias para amigos e professores. “Nunca imaginei que teria um momento desse na minha vida”, conta ele, que assinou contrato com a editora gaúcha Sekhmet para o projeto gráfico, revisão ortográfica e publicação do material.
A venda da obra ainda é feita de forma independente. “As encomendas são feitas no meu Instagram (@matheusxaviertt) e eu posso entregar pessoalmente em Parnamirim ou Natal”, explica. A expectativa é colocar o livro à venda no site da editora, além de participar de eventos e feiras literárias durante 2020. “Tenho certeza que o próximo ano será muito bom para Dyspertism”, afirma.
Durante os três anos de produção, o livro moldou a personalidade, as vontades e a concepção de vida do autor. “Se você realmente deseja algo, você pode alcançar isso”. Essa é a lição que o jovem recebeu e repassa após o trabalho finalmente concluído.
Doença e distopia
A Praga Dos Sentimentos é o subtítulo de Dyspertism. O nome pouco convencional foi criado por Matheus e se trata de uma doença mental ficcional. A “praga” personifica os sentimentos nas mentes das pessoas contaminadas.
“Quis me colocar no livro, para ter minha cara, mas também me inspirei em muita coisa”, conta o autor, que jura nunca ter visto Divertidamente, animação da Disney/Pixar a qual seus amigos lembraram após lerem o conceito do livro. Diferente do desenho, a obra literária é um suspense distópico.
Com dinheiro curto e vontade grande, Matheus decidiu editar e ilustrar o próprio livro. “Li o livro inteiro mais de 17 vezes durante esses três anos. Aprendi a ilustrar, aprendi a descrever cenas com clareza, virei noites criando personagens, gastei dias e dias pra aperfeiçoar diálogos”, revela.
“Quero viver da arte”
Matheus conta que nunca se identificou muito com as disciplinas que aprendeu na escola. No entanto, as aulas de Artes sempre o animavam. Sobre profissões e carreiras que imagina seguir, ele diz que é muito cobrado para trilhar caminhos tradicionais, como Engenharia. No entanto, ele crava que a arte é seu foco. “Desde pequeno, sempre fui muito artista. Quero cursar Artes Cênicas na UFRN”, afirma.
Dyspertism foi um passo importante na carreira do jovem, mas ele revela que não se limita à literatura. “Desde os quatro anos toco instrumentos. Toco violão, bateria e ainda arrisco no teclado”, conta Matheus, que também compõe músicas e sonha em fazer shows. Além disso, ele organiza e participa de eventos de hip-hop com os amigos em Parnamirim.
“Xaviertt”, nome artístico de Matheus, já está no Spotify e no YouTube, com canções compostas e gravadas pelo músico.
Para o futuro, ele espera reconhecimento pelo trabalho e realização do sonho. “Quero que o auge da minha vida seja ser reconhecido como artista. Quero viver da arte”.
Fonte: Portal no Ar
Imagem: divulgação