“Um Amante Francês” – Uma nova comédia francesa que brinca com estereótipos ultrapassados

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O mundo está cheio de estereótipos em relação ao papel do homem e da mulher na vida em sociedade. Em “Um Amante Francês” vemos uma inversão desses conceitos, e apesar de ser feita de maneira sútil, em vários recortes engraçados nos deparamos com essa reflexão.

A comédia dirigida por Olivier Baroux (Les Tuche), conta a história de um menino de origem simples que sempre sonhou em ser rico e não ter que trabalhar para viver. Ao atingir a maior idade Alex e seu melhor amigo Daniel, dedicam seus dias ao plano de conquistar mulheres mais velhas donas de grandes fortunas que os sustentem.

Logo no início do filme já notamos a inversão de papéis que o longa propõe ao público quando traz no papel de protagonista um homem interesseiro que usufrui da sua beleza para conquistar uma vida de luxo sem esforços, comportamento erradamente associado as mulheres. O próprio longa nos leva a essa conclusão quando o protagonista ainda criança aponta na capa de uma revista o que ele gostaria de ser quando crescer; a “mulher” mais jovem e linda
de um milionário idoso.

Após vermos o plano de Alex para seduzir Denise dar certo, o roteiro da um salto de 25 anos até os dias atuais na vida de Alex, que se tornou um homem mimado de quase 50 anos vivendo às custas de uma mulher que não ama, porém as coisas dão uma reviravolta quando Denise troca Alex por um homem mais jovem. Abandonado e sem um centavo no bolso o personagem vai viver com sua irmã e sobrinho, até conseguir enganar outra viúva milionária e recuperar seu padrão de vida.

A partir do momento que a trama envolve mais personagens, fica claro que o foco do filme se encontra no roteiro, e com um elenco que consegue sustentar bem a proposta do enredo, em especial Kad Merad no papel de um gigolô carismático, a estética visualmente pobre da produção acaba não sendo um problema para o espectador, que fica interessado no desenvolvimento das histórias que estão sendo contadas.

As relações dos diferentes personagens apesar de não serem aprofundadas, porque provavelmente tal escolha faria o filme perder o tom de comédia escrachada, ainda assim são propostas bem interessantes. Bons exemplos disso são a dinâmica entre o preguiçoso e golpista Alex e sua irmã Sara, uma mulher forte que trabalha como mestre de obra e “faz-tudo” da vizinhança, o melhor amigo de Alex e sua mulher Sofia, uma senhora rica que o obriga a sempre estar em forma para satisfazer suas vontades e a relação de Alex e seu sobrinho Hugo, que aos poucos consegue lembrar o tio que existem outras coisas importantes na vida além de luxo e futilidades.

Apesar de escolher um caminho bem previsível, “Um Amante Francês” diverte e muito, principalmente quando acompanhamos as tentativas de sedução de um Alex agora nem tão jovem e atraente. E mesmo que o filme não tenha focado em entrar de cabeça na questão de estereótipos, um tema que merece ser discutido, o filme acerta em alfinetar de maneira bem-humorada clichês da sociedade moderna.

“Um Amante Francês” chega aos cinemas nacionais no dia 28 de novembro.

Fonte: O Barquinho Cultural

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