Cientistas brasileiros desenvolveram uma prótese para que pacientes que perderam a laringe, em decorrência do câncer, possam voltar a falar.
O modelo, mais acessível e barato do que os existentes atualmente no mercado, foi feito por pesquisadores do Departamento de Engenharia Mecânica (EMC) da UFSC, Universidade Federal de Santa Catarina, no Laboratório de Vibrações e Acústica (LVA).
A prótese de voz é um tipo de válvula que permite a produção de som semelhante à voz de um falante saudável com rouquidão moderada, porém quase normal em termos de volume e intensidade. Ela é diferente da oferecida pelo SUS, conhecida como “laringe eletrônica” que deixa a voz meio robótica.
“Nossa pesquisa tem grande apelo social porque viabilizaria uma prótese de voz para uma parcela enorme da população”, diz o professor Andrey Ricardo da Silva, cuja equipe trabalha em cooperação com o Centro de Pesquisas Oncológicas de Santa Catarina (Cepon).
A doença
O Instituto Nacional de Câncer estima que quase 8 mil pessoas descubram ter câncer de laringe no Brasil, a cada ano. Se diagnosticado tardiamente – algo comum no país -, 80% dos casos exigem a retirada total da laringe (laringectomia total). Ainda que necessário, o procedimento implica na perda da capacidade de falar dos pacientes.
Os únicos modelos de prótese disponíveis no Brasil, importados dos Estados Unidos ou da Suécia, saem por por aproximadamente R$ 2.400 e o custo se torna ainda mais elevado quando é preciso trocar as válvulas, a cada seis meses.
Além de dominar a tecnologia de fabricação – com auxílio de impressora 3D – os pesquisadores estão adaptando os modelos das válvulas importadas para melhor adequação aos laringectomizados brasileiros.
Como as características fisiológicas divergem muito de paciente para paciente, mais de 10 protótipos foram testados e o modelo ideal será patenteado para oficializar a detenção da tecnologia EM SC em termos de próteses de voz.
SUS
Médicos creem que a forma mais efetiva para restabelecer a voz em pacientes cuja laringe foi totalmente retirada seja a prótese tráqueo-esofágica, como a que está em desenvolvimento no LVA.
“Só existem três formas de reabilitar a fonação dos pacientes que perderam a laringe: laringe eletrônica, prótese tráqueo-esofágica e voz esofágica, com treino fonoaudiológico. A prótese é a mais eficiente em qualidade vocal, mas ainda não é padronizada pelo SUS. A possibilidade de termos uma prótese nacional, ampliaria a possibilidade de padronização dessa alternativa. E a absoluta maioria dos pacientes laringectomizados poderá recebê-la”.
Palavras de Luiz Medina Santos, médico do Centro de Pesquisas Oncológicas de Santa Catarina (Cepon).
O Instituto Nacional de Câncer estima que quase 8 mil pessoas descubram ter câncer de laringe no Brasil, a cada ano. Se diagnosticado tardiamente – algo comum no país -, 80% dos casos exigem a retirada total da laringe (laringectomia total).
Ainda que necessário, o procedimento implica na perda da capacidade de falar dos pacientes.
A prótese de voz 100% brasileira já poderia estar pronta se os aportes prometidos pelo governo federal tivessem sido feitos. E com os recentes cortes, sua fabricação pode atrasar ainda mais.
Produção
A impressão de uma única peça leva até 15h.
São necessários dois dias para que a secagem completa do silicone injetado no molde.
Parte do processo está a cargo do engenheiro André Miazaki da Costa Tourinho, que foi de Brasília para Santa Catarina e conseguiu bolsa de doutorado em 2018 para trabalhar com modelagem numérica e bancadas experimentais no LVA.
“O legal da pesquisa é poder ajudar pessoas laringectomizadas que precisam de ajuda”, afirma.
Algumas não falam nada e recorrem à escrita para ser entendidas.
A maioria fala com dificuldades, porque mesmo com a laringe eletrônica a pessoa precisa aprender certos macetes. Às vezes as pessoas entram na Justiça para que o SUS pague uma parte da prótese importada, e mesmo conseguindo, acabam tentando usar a prótese por mais tempo que o recomendado. É difícil para todo mundo,” concluiu. Com informações da UFSC.
Crédito das Fotos: Reprodução / UFSC
Fonte: SóNotíciaBoa