Crônicas da Velha Ribeira (80)

Rua Almino Afonso

Essa importante artéria no velho bairro da Ribeira ainda é cenário de muita atividade, sendo que teve um período no qual alcançou maior relevo na economia local. Ali operava a Tyresoles Potiguar, do empresário Clóvis Costa, primeira recauchutadora de pneus, de grande porte, aqui instalada. Ali, quase em frente, existia o Armazém Paraná, de Ismael Wanderley, um dos pioneiros no comércio de madeiras em Natal. Na esquina da General Glicério , Genival Trigueiro era especializado no reparo de rodas automotivas de “liga leve” e, vizinho a ele, tinha a Casa das Peças, de Janser Cavalcanti. Mais para frente, a oficina de Expedito Virgulino, que tanto consertava um Ford ou Chevrolet, quanto um requintado
Mercedes-Benz, coisa rara por aqui naqueles tempos. Teve um que passou mais de um ano em sua oficina, à espera de peças que o dono pedia a amigos que viajavam à Europa.

Antônio Teófilo Cavalcanti, por seu turno, tocava sua loja de autopeças, onde se encontrava componentes para todas as marcas de carro, desde os importados mais comuns aos nacionais, quando estes começaram a aparecer no mercado. Sua loja ficava na esquina da travessa Bom Jesus, mas ele era proprietário dos prédios vizinhos até à esquina da Ferreira Chaves, além de outros, no lado oposto da rua.

Na outra esquina da travessa, ficava um Mercado Público, mais tarde desativado e o prédio onde funcionava foi adquirido pelo Armazém Pará, que  despontava também no comércio de madeiras, que aqui chegavam nos porões dos navios costeiros. O Armazém Pará nasceu prensado entre o mercado e a Boate Coimbra, respeitável casa de raparigas, vizinho à bodega de “seu” Artur Pessoa, na esquina da 15 de novembro, onde se via um gradeado de ferro cheio de gatos que, segundo consta, ele “enchiqueirava” sob encomenda de um gerente de banco, cujo hobby era oferecer churrascos de “coelhos” aos amigos e clientes…

Em frente ao armazém Pará, existia a firma de madeiras Tinôco & Fernandes, tendo, nas vizinhanças onde funciona hoje uma dependência da STTU, a famosa Pensão Ideal, um dos cabarés mais antigos desta Velha Ribeira. Era lá, que tinha um
“castelo” para os privilegiados: uma caixa d’agua com cobertura piramidal e um apartamento especial no primeiro andar. Os vizinhos do outro lado eram a loja de pneus de Raul Francisco de Oliveira, seguida pelas oficinas de Nizário, especializada em reparos elétricos automotivos; a de Ártur Bernardes, mecânico de linha; a do torneiro Mílton Balbino e a famosa capotaria de Mardoqueu Renovato de Oliveira, artífice das capotas de jipe, um dos quais fez construir em madeira, no tamanho normal, para exibir o produto que fabricava.

O bar de Augusto Tavares de Lira, recebia a turma da cervejinha no lado de cá da rua, que terminava com a grande loja de pneus de A. Alves & Cia, de José Avelino Alves e Arnaldo Alves Diniz, que tinha frente para a Esplanada Silva Jardim. Dos citados, ainda funcionam na Almino Afonso a capotaria de Mardoqueu e a eletro oficina de
Nizário, sob as direções dos respectivos filhos. A loja de peças de Antônio Cavalcanti funcionou até bem pouco tempo. Mas seu filho Toni, ainda mantém uma moderna oficina de pintura automotiva num daqueles prédios.

Imagem: Google Street View

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