Cientista da UFRN é única brasileira indicada a prêmio da Nature

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A neurocientista Natalia Mota, membro do laboratório Sono, sonhos e memória, do Instituto do Cérebro da UFRN, foi a primeira brasileira e a única sul-americana indicada para concorrer ao prêmio Nature Research Award de 2019, na categoria Ciência Inspiradora. A iniciativa tem como objetivo homenagear mulheres cientistas excepcionais, a fim de incentivar e inspirar a próxima geração.

Ela e outras nove mulheres de todo o mundo foram escolhidas entre 150 submissões das diversas áreas da ciência e agora concorrem ao prêmio de 20 mil dólares e outros benefícios. A seleção, que está em sua segunda edição, foi realizada por especialistas independentes, membros da Estée Lauder Companies, funcionários e corpo editorial da Nature Research, incluindo a editora-chefe Magdalena Skipper.

Por estar na lista final das concorrentes, Natalia terá acesso a uma rede privada e espaço on-line de mentoria para interagir com as outras indicadas deste e do ano passado, trocar experiência com os jurados, editores da Nature e funcionários da Estée Lauder Companies. Além disso, participará de atividades a fim de conhecer mais a participação de mulheres em profissões para incentivar meninas a buscar carreiras nesses campos.

Para Natalia, a indicação é um incentivo e uma inspiração para continuar fazendo ciência em um momento tão complexo. “A gente trabalha em uma perspectiva difícil, com falta de recursos, lutando por bolsas, por financiamento e enfrentando muita dificuldade. Saber que lá fora tem gente que reconhece o nosso esforço, não só para mim, mas para as mulheres da ciência no nosso país, em especial no nosso Nordeste, nos dá nova energia e gás para continuar trabalhando”, disse.

Ela diz que o prêmio da Nature serve para quebrar o viés de sempre associar figuras masculinas com os avanças científicos. Neste sentido, ele incentiva iniciativas como as desenvolvidas no Instituto do Cérebro, que se esforçam para divulgar avanços científicos de ponta feitos ou liderados por mulheres. “Hoje as mulheres têm de mostrar duas, três vezes mais produção para conseguir o mesmo espaço que os homens e isso precisa mudar. Temos de incentivar que a mulher seja destaque em todas as áreas e profissões e continue contribuindo com o desenvolvimento da ciência”, reforça.

Análises computacionais

Médica psiquiatra, Natalia Mota tem se dedicado à neurociência, área em que estuda o comportamento humano por meio de estratégias computacionais de linguagem, desde o desenvolvimento típico em crianças, até o declínio cognitivo em pessoas com esquizofrenia. Nos últimos dois anos, uma série de estudos seus, que permitiu o desenvolvimento de um método diagnóstico para esquizofrenia a partir de sistema que utiliza grafos matemáticos, vem se destacando dentro e fora do Brasil.

Mediante esta pesquisa, ela e seus orientadores desenvolveram um sistema que auxilia profissionais da psiquiatria a identificar estes quadros pelo menos seis meses antes do habitual. O melhor de tudo é que o SpeechGraphs, nome dado à ferramenta, está disponível gratuitamente no site da instituição.

Por sua inovação, este trabalho venceu, em dezembro de 2017, a 16ª edição do Prêmio de Incentivo em Ciência, Tecnologia e Inovação, do Sistema Único de Saúde (SUS), na categoria “Trabalho Científico Publicado” e, um ano depois, o Prêmio Abril & DASA de Inovação Médica.

Fonte: Portal no Ar

Imagem: José de Paiva Rebouças

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