Algumas vezes você pensa em escrever sobre um tema, começa a formular o texto, vai maturando a ideia e de repente você percebe que aquele texto já foi escrito milhões e milhões de vezes. Liderança, Desenvolvimento Profissional, Gestão de Equipes e… COMUNICAÇÃO. Nossa como isso já foi esmiuçado. Você pensa em desistir.
Mas, na vivência prática, no cotidiano dentro das empresas, me deparo quase que diariamente com falhas na comunicação. É incrível que isto ainda aconteça, e detalhe, em larga escala. Eu realmente teria dificuldade em diagnosticar porque isso é tão recorrente. Quantas vezes eu já fiz reuniões iniciais com clientes empresários, levantando as principais dificuldades da gestão, as deficiências e tal. Quando chego à pergunta: A empresa tem algum tipo de problema com a comunicação? Sempre vem um sonoro NÃO!
E invariavelmente, a empresa tem sim, não um, mas às vezes, vários problemas de comunicação. Seja entre seus pares, seja transversalmente entre setores, e até entre a empresa e os seus clientes. Imagine você a situação de ter que demonstrar isso, depois de ter ouvido um “Não, não temos absolutamente nenhum problema de comunicação aqui”. Vida de consultor não é fácil.
Seja sempre muito cuidadoso muito criterioso e desconfiado quando o assunto for comunicação. Como diz o ditado: É melhor pecar pelo excesso que pela falta.
E onde está essa grande casca de banana chamada comunicação? Em todo lugar. Talvez aí seja motivo para tantos erros. A comunicação está nas plataformas digitais, nos folhetos, em seus suvenires de divulgação. Na fachada da loja, no outdoor, nos adesivos de seus carros, na farda de seus funcionários, só para começar.
E a forma como a comunicação verbal e escrita é exercita internamente? Aí mora um perigo!
Sabemos que na comunicação verbal, falada, não basta o conteúdo, sempre claro e objetivo. O tom da voz, a modulação, o corpo também contribuem para uma comunicação bem feita. E isso vale para qualquer interação, digo, vale para o líder se comunicando com sua equipe, um a um ou todos juntos, mas vale também entre colegas no mesmo nível hierárquico.
Não podemos esquecer também de como a comunicação flue, ou simplesmente não flue entre setores. Como a linha de comando comunica suas decisões e como essa comunicação impacta no cotidiano das equipes. Aqui, fluidez e rapidez são fundamentais para uma empresa ágil, antenada e com alto poder de tomada de decisão.
Por fim, são gigantescos os problemas diagnosticados nesses meus anos de experiência corporativa.
Do lado do receptor da comunicação nós temos desde o velho e bom “filtro da comunicação”, quando um lado só recebe o que bem entende, filtrando a comunicação e moldando-a a sua vontade, a problemas maiores como distorções, ruídos internos do indivíduo.
Já do lado do emissor, de quem comunica, temos coisas bizarras como aqueles pseudo líderes que só falam aos berros, gritando meio mundo de gente, até aqueles que simplesmente não comunicam nada, retendo informações preciosas e necessárias para o bom andamento da empresa. Esquecem que informação, cada vez mais, é fluxo.
Que possamos estar sempre alerta à comunicação em nosso cotidiano, fortalecendo assim a empresa em todo o seu elo produtivo. Fique atento, em toda comunicação há emoção, há sentimentos, bons ou ruins. Comunicação fria e objetiva é algo tão real quando fadas e gnomos.
Jean Tavares Leite é Psicólogo Organizacional e professor universitário.
Crédito da Foto: Reprodução/Vitalsmarts