A Academia Brasileira de Ciências (ABC) realizará no próximo dia 28 de agosto, a partir das 9h, no prédio do Instituto Internacional de Física da UFRN, a cerimônia de diplomação dos seus novos membros filiados da região Nordeste e Espírito Santo. Foram eleitos cinco jovens cientistas, que atuam em instituições de pesquisa brasileiras, desenvolvendo trabalhos de excelência em diferentes campos da ciência, sendo dois da UFRN: Luiz Felipe Cavalcanti Pereira e Felipe Bohn, ambos do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE).
Para os eleitos, ser um membro da ABC significa ter o reconhecimento de seu trabalho por cientistas que fizeram contribuições significativas para o avanço da ciência no país. Eles acrescentam que a diplomação é um encorajamento ainda maior para novos desafios dentro da pesquisa.
“Tornar-me membro afiliado da ABC, com o apoio de alguns dos meus antigos professores, é certamente uma grande honra. Vejo esta honraria como um reconhecimento por minhas modestas contribuições à ciência até agora, mas também sinto a responsabilidade de desenvolver meu potencial como cientista e contribuir cada vez mais para o desenvolvimento da ciência brasileira”, disse o professor Luiz Felipe Pereira.
Todos os anos a ABC seleciona 30 cientistas, com até 40 anos de idade, para integrarem os seus quadros. O evento, realizado publicamente, conta com uma série de apresentações sobre os projetos desenvolvidos pelos eleitos e com aulas públicas, com palestrantes de renome da comunidade científica nacional.
A apresentação dos trabalhos neste ano ficará por conta dos pesquisadores Bartolomeu Cruz Viana Neto (Ciências Físicas / UFPI), Pierre Basílio Almeida Fechine (Ciências Químicas / UFC) e Roberto Cesar Pereira Lima Junior (Ciências Biomédicas / UFC), além dos dois da UFRN. Os acadêmicos Luiz Drude de Lacerda e Oswaldo Luiz Alves também realizarão conferências magnas sobre “Mudança Climática e Mobilização de Poluentes no Antropoceno” e sobre a “Nanotecnologia das Coisas”, respectivamente.
A programação acontecerá das 9h às 16h15, no auditório do IIF-UFRN, com entrada gratuita. Os interessados devem inscrever-se através do site da ABC, neste Link. A participação contará com entrega de certificado aos presentes.
Pesquisas e pesquisadores
As pesquisas principais dos dois novos membros envolvem estudos sobre nanoestruturas, com dimensões iguais a um milionésimo de milímetro, impossíveis de serem vistas a olho nu e podendo ser 100 mil vezes menores do que o diâmetro de um fio de cabelo. As imagens podem ser obtidas por microscopia eletrônica e não contêm cores reais. Disponíveis em preto e branco, podem ser adicionada de uma coloração falsa, para ter ideia de relevo e distância, já que a cor está associada ao comprimento de onda da luz, no espectro visível.
Felipe Bohn, 36 anos, é pesquisador do Grupo de Nanoestruturas Magnéticas e Semicondutoras (GNMS) e professor da UFRN há 10 anos. Felipe começou sua iniciação científica 20 anos atrás, na área de materiais magnéticos, no terceiro semestre da sua graduação na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Quem o incentivou a pesquisar nesta área foi seu veterano, Marcio Assolin, que atualmente compõe o quadro de professores do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE) e, também, pesquisador do GNMS.
O grupo de pesquisa estuda a dinâmica da magnetização, analisando materiais e suas reações com campos magnéticos, com a possibilidade de mudar a frequência ou amplitude do campo para analisar a resposta do material. Dessa forma, podem surgir fenômenos a serem estudados, como o da magnetoimpedância, importante na aplicação tecnológica, como de sensores de telefone, ou o do Ruído Barkhausen, que consiste na análise das variações abruptas dos materiais magnéticos. Para Felipe Bohn, é uma honra ser selecionado para a ABC. “Trata-se de uma responsabilidade e, também, mostra reconhecimento não só a mim, mas ao trabalho do grupo”, diz ele.
Luiz Felipe Cavalcanti Pereira, 38 anos, é líder do Grupo de Transporte em Nanoestruturas, criado em 2014, quando o professor ingressou na UFRN. O grupo tem duas linhas de pesquisa principais e estuda, principalmente, o transporte de calor nas nanoestruturas, cujo objetivo é analisar como manipular essa energia térmica.
Outra linha de pesquisa é a de transporte eletrônico, que se refere à condução da eletricidade nos sistemas. Ele explica que essa é aliada à linha de pesquisa majoritária, pois os elétrons que carregam eletricidade também carregam calor. Luiz diz que o título é um reconhecimento do trabalho feito, que não é nada fácil. “O fato de fazer pesquisas, me torna um professor melhor. No final das contas, é um prêmio e reconhecimento do nosso trabalho, mas não é motivo para deixarmos de fazer o que fazemos. No outro dia, tem que continuar dando aula, escrevendo artigos e projetos. Isso não muda, ainda bem”, diz o professor.
Fonte: AGECOM/UFRN
Imagem: Academia Brasileira de Ciências