Crônicas da Velha Ribeira (69)

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PEDRO CÂMARA

No último fim de semana, precisamente no sábado, primeiro dia de julho, na casa de recepções Michelangelo ali na esquina da Praça das Flores, houve um almoço alusivo a uma comemoração muito especial, Especialíssima, aliás.

É que naquela data, foi comemorado o nonagésimo aniversário do empresário Pedro Câmara de Souza, titular do Armazém Pará, nome de fachada da Importadora Comercial de Madeiras Ltda., firma da qual ele é um dos fundadores e que tem raízes na “bodega de seu Juca”, como era conhecido o pioneiro João Paulo de Souza, seu pai, cujas atividades datam – se não me engano – dos anos 1940, quando começou a vender rapadura, farinha, peixe seco e assemelhados, com instalações na área da feira das Rocas. A considerar os cento e dez anos vividos pelo pai, Pedro é “um menino” aos noventa, pois tem gente mais idosa na família…

Após ter servido à Aeronáutica, ele comprou um caminhão Chevrolet “cara de sapo” – de placas 1447 – que era dirigido pelo motorista José Bento de Araújo, que falava com voz nasalada e tinha orgulho em apresentar-se como “chofer de seu Pedro”, citando sempre o número da placa do caminhão. Porém, depois que sofreu prejuízo com uma carga de abacaxis que comprou em Sapé-PB, para mandar p´ra São Paulo, porque Zé Bento andava devagar e os abacaxis se deterioraram, Pedro, seguindo os passos do pai, montou a “mercearia Seridó” na rua do mesmo nome. Mas, foi no “apagar das luzes” do ano de 1959, que nasceu a Importadora Comercial de Madeiras. É que seu tio Luiz de Paula Souza convenceu o irmão João Paulo, que vendia madeira bruta em sua bodega, a entrar no mercado de madeiras de lei. Daí que, em data de 24 de dezembro daquele ano, a firma foi registrada na Junta Comercial, tendo como sócios os irmãos Souza e mais o filho e sobrinho Pedro. Instalaram-se num prédio alugado, do comerciante Joaquim Pinheiro, na rua Almino Afonso 38/40, em frente a outra empresa que explorava o mesmo ramo, a Tinôco & Fernandes, do Sr. José Natal Tinôco e seu filho Gutemberg.

Na mesma rua, funcionava uma outra firma com as mesmas atividades, que era o Armazém Paraná, do comerciante Ismael Wanderley Gomes e seu Juca achou que, se tinha uma empresa com o nome de um Estado do Sul, teria que haver outra com o de um Estado do Norte. Foi criado então o nome Armazém Pará.

Posteriormente, eles compraram o prédio onde estavam e mais o do lendário cabaré de Zefa Paula, na rua Ferreira Chaves, que formava um “L” com o da Almino Afonso. O sucesso que se seguiu, estimulou Pedro a abrir outras frentes, como a filial, na rua Mario Negócio nº 1438. Na sociedade, haviam entrado seu irmão Rui Câmara de Souza e o cunhado Chico Bezerra, cabendo a este a administração de uma nova filial denominada “Loja das Tintas”, instalada num prédio de propriedade de seu Juca na rua Frei Miguelinho, onde atualmente funciona a Casa da Ribeira. Pedro então partiu – individualmente – para outros negócios fora da Importadora. Associou-se com Francisco Leopoldo da Silveira na loja de discos Musilar, na rua Ulisses Caldas, no centro da cidade e em sociedade com o amigo Boanerges Alves da Costa, marceneiro do primeiro time, fundou a firma Esquadrias Ideal Ltda., localizada num imenso galpão que fizeram construir na esquina da avenida Romualdo Galvão com a rua Jacaúna, em Lagoa Sêca.

Na época, um local um pouco afastado, mas atualmente ponto valorizadíssimo pela vizinhança com o Shopping Center Midway. Mais afastado ainda, na avenida 16, como era conhecida a Antônio Basílio, antes de chegar lá o desenvolvimento urbano, era o enorme terreno onde hoje situa-se o Armazém Pará, comprado por Pedro nos anos setenta, através de financiamento do BIB (Banco de Investimento do Brasil), pertencente ao Unibanco.

Como se pode ver, o “menino” nonagenário que nasceu em Muriú, muito antes daquela localidade tornar-se conhecida e disputada praia de veraneio, sempre foi homem de visão.

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