Um dos crânios do acervo arqueológico do Museu Câmara Cascudo, da UFRN, terá o rosto reconstituído a partir de técnicas forenses e será revelado na segunda edição da Campus Party em Natal. O evento acontece de 16 a 18 deste mês no Centro de Convenções.
A ideia de reconstituir a face do crânio, que possui características de ser de uma mulher, surgiu há 3 meses, após o designer Cícero Moraes ter sido convidado para ser um dos principais palestrantes do evento. Moraes e os organizadores da Campus Party entraram em contato com o arqueólogo Moyses Siqueira, Chefe do Setor de Arqueologia do Museu Câmara Cascudo, e iniciaram as conversações acerca da possibilidade de se fazer a revelação. Assim, o crânio foi digitalizado em 3D, por meio de um processo conhecido como fotogrametria.
A própria equipe do museu registrou 72 tomadas fotográficas em círculo para abordar as partes mais importantes do crânio. As capturas foram então enviadas a um software que as converteu automaticamente em um objeto 3D, ou seja, a representação digital do crânio.
O processo de reconstrução facial consiste em utilizar dados estatísticos e anatômicos para, por meio de escultura digital, devolver o rosto ao crânio escolhido. A técnica teve os seus primeiros resultados acadêmicos no final do século XIX, e ao longo dos anos vem se desenvolvendo. O resultado do projeto potiguar será apresentado durante a palestra ministrada por Cícero Moraes, e depois ficará permanente exposto no Museu Câmara Cascudo.
Sobre a Campus Party
A Campus Party é um dos maiores encontros de tecnologia nas temáticas que envolvem IoT, blockchain, cultura maker, educação e empreendedorismo. Esta é a segunda vez que Natal sedia o evento, que acontece de 16 a 18 de agosto, no Centro de Convenções.
A Campus Party conta com mais de 550 mil campuseiros cadastrados em todo mundo, e já produziu edições em países como Espanha, Holanda, México, Argenna, Alemanha, Reino Unido, Panamá, El Salvador, Costa Rica, Colômbia e Equador. O evento está presente no Brasil há dez anos.
Sobre o Museu Câmara Cascudo
O Museu Câmara Cascudo pertence à Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foi criado em 1973 a partir das coleções do Instituto de Antropologia (1960), primeiro centro de pesquisas da UFRN.
O acervo foi coletado através dos estudos científicos nas áreas de Antropologia, Etnologia, Linguística, Paleontologia, Arqueologia, Genética, Geologia e Zoologia no Rio Grande do Norte.
Atualmente, o MCC é a maior instituição museológica do Rio Grande do Norte, e conta com um setor de arqueologia que abriga mais de 150 mil peças resultantes de pesquisas realizadas pelo próprio museu ou de apoios institucionais concedidos a projetos de licenciamento ambiental.
Sobre o crânio
Em 1962, uma equipe do Instituto de Antropologia, atual Museu Câmara Cascudo da UFRN, identificou vestígios ósseos de 6 esqueletos adultos e 20 de crianças no local denominado de Pedra dos Ossos, na Serra do Ronco, no município de São Tomé. O objetivo da missão foi verificar uma lenda popular que narrava uma chacina de um grupo indígena Cariri no local. A equipe liderada pelo professor José Nunes Cabral concluiu, na década de 1960, que a Pedra dos Ossos não foi utilizado para sepultamentos e que os ossos não apresentavam marcas de morte violenta e os materiais encontrados foram depositados em períodos diferentes, contradizendo a lenda popular.
O crânio que terá a face reconstituída foi identificado como ameríndio, com características femininas e de idade aproximada entre 18 e 20 anos.
O designer
Cícero Moraes é um 3D designer especializado em reconstrução facial forense, projeto e confecção de próteses faciais humanas, próteses veterinárias, planejamento de cirurgias faciais, reconstrução de cenas de crimes, recuperação digital de patrimônio arqueológico.
Fonte: G1 RN
Imagem: Museu Câmara Cascudo/UFRN