Produzido pela Sega, o primeiro jogo da franquia foi lançado em 20 de dezembro de 1987, para o Master System, e tem entre seus principais criadores Reiko Kodama, que trabalhou em outros dois clássicos da Sega, Altered Beast (Master System e Mega Drive) e Skies of Arcadia (Dreamcast); e Yuji Naka, que mais tarde seria responsável por criar nada mais do que o maior ícone da Sega, Sonic the Hedgehog.
Um RPG inovador
Um dos grandes avanços que Phantasy Star fez foi nos gráficos, com um poder de hardware bem maior que o do seu principal concorrente, o NES, a Sega conseguiu dar um grande salto com este jogo.
Os labirintos em primeira pessoa davam uma perspectiva bem diferente do que os jogadores estavam acostumados no final da década de 1980, permitia uma inserção bem melhor no jogo, como se o jogador estivesse realmente dentro daqueles labirintos. Quantas vezes marinheiros de primeira viagem já se perderam naqueles corredores!
Além dos labirintos, o modo da visão em primeira pessoa nas batalhas também foi um diferencial. Podia-se ver com detalhes os monstros que nos atacavam e, inclusive, o cenário da batalha era muito bem desenhado, algo incrível de se ver na era dos 8-bits, principalmente pelo baixo nível processamento destas máquinas.
Também era possível conversar com os monstros. Caso o jogador estivesse na frente de um monstro amigável, a batalha poderia se encerrar apenas com uma boa conversa. Foi uma opção bastante interessante introduzida pelo jogo, deu um diferencial na sua jogabilidade.
Enredo futurista e uma história dramática
A história do jogo começa com um homem, Nero, sendo perseguido e atingido por soldados. Ao ver a cena, sua irmã mais nova, chamada Alis, corre para proteger seu irmão, porém já era tarde. Alis encontra o seu irmão agonizando, que lhe faz um último pedido, que ela continuasse a sua missão de desmascarar o terrível Lassic, tirano governante do sistema de Algol.
Após isso iniciamos o jogo controlando Alis em sua jornada por toda Algol, um sistema planetário que possui mais quatro planetas girando em sua órbita: Palma, similar ao planeta terra, possuindo muita vegetação e com habitantes humanos; Motávia, capital de Algol, um gigantesco planeta desértico e com uma população parecida com roedores; Dezoris, planeta gelado e inóspito, com seres reptilianos como nativos; e Rykros, o planeta secreto. Não possui civilização, apenas monstros e criaturas de cristal.
O ambiente futurista já trouxe um aspecto diferenciado ao jogo. Quando a grande maioria dos RPGs usava a magia e ambientes medievais como plano de fundo, Phantasy Star foi em outro caminho, trazendo um mundo moderno e misturando alta tecnologia com a magia.
Phantasy Star introduziu algumas características importantes, como a opção de conversar com os monstros. Outro aspecto muito útil foi o uso de baterias dentro do cartucho, o que possibilitou salvar o jogo sem precisar anotar as, muitas vezes longas, passwords. Isso facilitou bastante a jornada dentro do jogo.
Os heróis
Em sua caminhada Alis encontra outros aliados que serão muito importantes para derrotar Lassic. O primeiro deles é Myau: embora tenha a aparência de um felino, ele é um ser muito inteligente e forte, era companheiro do guerreiro Odin e traz no pescoço um elixir capaz de desfazer o feitiço da medusa, qual seja, transformar qualquer ser vivo em pedra.
Encontrando Myau, os dois saem em busca do guerreiro Odin, que havia sido transformado em pedra pela Medusa. Ao resgatá-lo, o guerreiro passa a integrar o grupo. Odin foi claramente inspirado no ator Arnold Schwarzenegger, ele é forte — possui o ataque mais forte do grupo — e é o único que consegue usar pistolas e o poderoso Machado Laconiano, a arma mais forte do jogo.
O último a integrar a equipe é o misterioso Noah, que de início é apenas um simples aprendiz de feiticeiro. No entanto, no decorrer da série, torna-se um mago poderoso, inclusive tendo um papel importante na cronologia da série.
Rei Lassic: de um benevolente rei para um déspota tirano
No início o Rei Lassic, antagonista do jogo, era um rei benevolente e fazia o sistema de Algol prosperar, porém ele acaba sendo corrompido pela entidade conhecida como Dark Force. Após invocar a entidade do mal, a Dark Force promete ao rei Lassic vida eterna e poder supremo, e tudo que o Rei deveria dar em troca era o controle de Algol.
Após ser corrompido, Rei Lassic se transforma num verdadeiro déspota, aumentando os impostos e permitindo que os monstros andem livremente em Algol, transformando a vida de seus habitantes num verdadeiro inferno.
No final, a Dark Force acaba se tornando o derradeiro inimigo, foi ela quem corrompeu tanto o Rei Lassic, como também o Governador de Motavia (que ajudou Alis na jornada), sendo o último inimigo a ser derrotado pelos guerreiros de Alis.
No decorrer da jornada, é possível encontrar várias referências a Star Wars: uma delas são os soldados de Palma que usam uma armadura bastante similar aos Stormtroopers, e outra é o povo que habita Motavia que lembra muito os Jawas da franquia de George Lucas.
O legado
Phantasy Star se destaca por ter sido um dos primeiros jogos a usar um personagem feminino como protagonista. O jogo foi um grande sucesso no Brasil, ajudado pelo forte marketing comercial da Tectoy que, inclusive, traduziu todo o jogo em português, bem como suas continuações no Mega Drive.
O jogo teve várias continuações, mas nenhuma de forma direta. O Phantasy Star II, por exemplo, passa-se 1000 anos (ou 2000 anos na versão japonesa) após os eventos do primeiro Phantasy Star.
Em 2003 foi feito um remake para o PlayStation 2, chamado de Phantasy Star Generation: 1. Ele se manteve fiel ao original, com gráficos renderizados em 2D, porém com muitas melhorias gráficas e novos diálogos, inclusive com os personagens conversando entre si, demonstrando suas personalidades.
Phantasy Star foi um grande sucesso no seu lançamento, trouxe muitas inovações e arrebatou muitos fãs, principalmente em terras brasileiras. Com uma grande ajuda da Tectoy, traduzindo o jogo e tornando a história de Alis e seus guerreiros muito mais emocionante para aqueles que a vivenciaram no final da década de 1980.
Revisão: Vitor Tibério
Originalmente publicado em GameBlast