Caso Flávio Bolsonaro comparado a esquema de corrupção no RN

O suposto esquema de corrupção envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que é filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), seria “equivalente ao descoberto na Dama de espadas”. A afirmação teria sido feita pela procuradora da República Hayssa Kyrie Medeiros Jardim, em conversa com outros procuradores.

O diálogo que cita um dos maiores escândalos já descobertos no Rio Grande do Norte – e que envolve ex-servidores e ex-presidentes da Assembleia Legislativa do RN – foi revelado neste domingo (21), pelo site The Intercept Brasil, dentro da série de reportagens conhecida como “Vaja Jato”.

O tema da reportagem deste domingo é uma conversa na qual procuradores discutem os indícios de corrupção contra o senador Flávio Bolsonaro e como o ex-juiz Sergio Moro iria tratar esse caso. Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) no inquérito que apura o suposto desvio de dinheiro em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

O desvio, segundo as investigações, ocorreria a partir da arrecadação ilícita de parte dos salários de servidores lotados no gabinete do então deputado estadual. Um dos documentos pilares que sustentam a suspeita  são relatórios feitos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O senador nega as acusações.

De acordo com os diálogos publicados pelo The Intercept, para os procuradores, “o esquema, operado pelo assessor Fabrício Queiroz, seria similar a outros escândalos em que deputados estaduais foram acusados de empregar funcionários fantasmas e recolher parte do salário como contrapartida.”

“Não tenho dúvida de que isso é mensalinho”, escreveu o procurador regional da República Danilo Dias, acrescentando em seguida “No mesmo esquema de Mato Grosso com Silval Barbosa”, diz trecho da reportagem. Após essa observação, outros procuradores também citam casos semelhantes. A discussão ocorreu no dia 11 de dezembro de 2018, dentro de um grupo chamado “Winter is Coming” (bordão do seriado Game of Thrones).

A primeira a falar sobre o assunto teria sido a subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen, que compartilhou link sobre o caso de Flávio Bolsonaro. E comentou quais seriam os desdobramentos. “Pessoas da mesma família empregá-la, depósito de parte dos salários de servidores em dias de pagamento, outros depósitos, resta saber quem recebia os saques. Agora vem a quebra do sigilo. Vamos aguardar a investigação geral do MPRJ quanto aos assessores”.

A sub-procuradora Luiza Frischeisen é um dos nomes na lista tríplice do MPF para substituir a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, cujo mandato se encerra em setembro. Após a citação dela, surgiu a comparação com o caso no Rio Grande do Norte.

Imagem: Reprodução/The Intercept Brasil

“Esquema equivalente ao descoberto na Dama de espadas”, teria dito a procuradora Hayssa Kyrie Medeiros Jardim. Em seguida ela compartilhou um link para notícia sobre a “Dama de Espadas”. O texto – do jornal local Tribuna do Norte – informava que a principal envolvida no caso, a ex-procuradora da Assembleia Legislativa, Rita das Mercês, confirmava em juízo os desvios feitos com base em funcionários fantasmas.

A procuradora Hayssa Kyrie Jardim sabe sobre o que fala. Ela era do Ministério Público do Rio Grande do Norte até 2015. E é uma das que atuou na investigação da Dama de Espadas. Hayssa Kyrie Medeiros Jardim deixou a instituição no RN após ser aprovada em concurso para o Ministério Público Federal. E hoje atua no MPF do Paraná, no município de Guaíra.

Até hoje, as denúncias e descobertas feitas pelos promotores acerca da Dama de Espadas ainda são investigadas e denunciadas. E o caso segue na Justiça. O escândalo chega a envolver desembargadores, conselheiros e políticos do Rio Grande do Norte. Tudo com base na delação premiada de Rita das Mercês. Ela foi aposentada pela Assembleia Legislativa e segue recebendo um salário de R$ 30 mil que deverá ser reajustado para R$ 35,4 mil.

Com relação a Flávio Bolsonaro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu todos os processos contras ele que tinham como base relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Neste domingo (21), reportagem do jornal Folha de São Paulo mostrou que mesmo tendo 42 ações pendentes, Toffoli teria priorizado caso do filho do presidente.

Fonte: OP9 RN

Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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