O ser humano é gregário. Isso significa dizer que nós somos uma espécie que vive em grupo, desde sempre, lá atrás, até antes do surgimento dos primeiros homo sapiens, já éramos animais que viviam em bando. Precisamos desse contato, trazemos esse instinto, essa necessidade de estarmos em sociedade.
Sabendo disso, fica mais fácil compreender que, em condições normais, produzimos melhor em equipe. É de nossa natureza. Claro, toda regra tem a sua exceção e você deve conhecer aquele colega ermitão que não suporta participar de nenhum grupo, que não se entrosa, não socializa. Mas ele é justamente a exceção que legitima a regra.
Porém, é preciso compreender algumas, digamos chaves, algumas regras ou aspectos do trabalho de uma equipe para poder gerenciar melhor, no mundo corporativo. Vamos ao básico do básico.
Primeiro, trabalhar com um uma equipe unida é muito bom, mas, claro, isso não significa dizer que não haverá problemas. Viver em grupo precede abdicar de nossas posições individuais em pró do grupo. E isso é quase impossível para gente egocêntrica, cheia de vontades e pouco disposta a ceder. Começam os problemas aí. Estamos falando de maturidade individual. Quanto maior o nível de maturidade dos membros, mais resultados positivos a equipe tenderá a oferecer.
A questão é complicada porque às vezes você tem um membro da equipe que possui um enorme conhecimento técnico, é uma referência em uma determinada área. Mas, emocionalmente é de uma imaturidade gritante, não consegue avançar e, no grupo, tende a desestabilizar a harmonia geral.
Para dificultar a situação, não tem como você elevar a maturidade de uma pessoa sem um trabalho de longo prazo e, pior ainda, sem ela querer. A demanda, a necessidade têm que partir dela… Delicado, hein líder?
Em segundo lugar, não basta colocar gente madura para trabalhar junto que os resultados acontecerão. É preciso tempo para entrosamento, para conflitos e a resolução dos mesmos, é preciso tempo para que cada membro conheça os demais, para a desejada coesão. Às vezes vemos gerentes apressados, querendo resultados instantâneos com a formação de seus times. Calma lá, você não está construindo uma parede, não está lhe dando com batatas, é gente e gente precisa de tempo para se desenvolver.
O terceiro ponto é a danada da comunicação, e aqui, por incrível que possa parecer, muitas equipes se perdem completamente. É impressionante como nossas empresas costumam não dar valor a esse aspecto da vida corporativa. As estatísticas mostram que quase todas as empresas possuem algum tipo de problema com sua comunicação interna. O que fazer? Comunicar-se bem, olho a olho, checando se o outro compreendeu inteiramente o que foi comunicado, usando uma excelente ferramenta de comunicação chamada feedback, e sobretudo entendendo que, no quesito comunicação, é muito melhor pecar pelo excesso do que pela falta.
Em quarto lugar, muita atenção para a forma como a equipe lida com problemas. Todo tipo de problema. Frustrações, irritações externas, perda de um membro, atritos internos, enfim, qualquer equipe, no percorrer de seu cotidiano, é afetada por problemas e isso é algo natural, a questão é como o grupo lida com isso. Aqui, a chave é pensar: A equipe continua saudável em lidar com seus problemas ou não? A equipe trabalha suas dificuldades de forma clara, assertiva ou coloca tudo para debaixo do tapete?
Por fim, E não menos importante, é preciso sempre lembrar que um grupo, uma equipe ou time (são a mesma coisa, neste artigo, apenas uma questão de semântica) é um organismo fluido, volátil, não estanque. Sofre a influência do meio externo, da pressão por resultados, dos contratempos e intempéries do meio onde a empresa atua e também da forma como são gerenciados, da forma como o líder interage com o grupo. O bom uso do tempo e da boa gestão fará a equipe alcançar sinergia e resultados incríveis.
Jean Tavares Leite é Psicólogo Organizacional e professor universitário.
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