“Os Vampiros” – Um drama tenebroso e assombroso sobre a Guerra Colonial

Por Patrícia Visconti

O autor português Filipe Melo está promovendo sua nova graphic novel, “Os Vampiros”, que conta com ilustrações do argentino Juan Cavia, e conta um drama ficcional, mas com umas pinceladas bem reais na vivência histórica.

O drama traz um grupo de soldados portugueses, em plena Guerra Colonial , que aconteceu entre 1961 a 1974 e colocou em choque as Forças Armadas Portuguesas contra distintas guerrilhas de Angola, Guiné e Moçambique, em que o governo de Portugal não aceitava o fim da colonização destes países, alegando que os territórios africanos se enquadravam no conceito de nação formada por diferentes povos e diferentes territórios espalhados pelo mundo. Por outro lado, os povos lutavam pela sua liberdade e independência, para formarem uma nação própria, não tendo um consenso pacífico, gerando no fim a tal Guerra Colonial.

Então, baseado nestes acontecimentos, o álbum de Melo mostra o peso dos soldados perante a guerra, o cansaço, o estresse e a missão árdua e conflitante que eles exerciam, junto ao exército e a dominância do Estado, envolvendo uma operação secreta em Senegal, mostrando medidas relutantes que os consumem pela paranoia desta incumbência, que parecia simples e acaba se tornando em horrendo caos angustiante. Numa trama em que esses homens terão que confrontar não apenas com o exército inimigo, mas com seus próprios demônios que levam consigo, envolvendo muito drama, tensão e sombriedade que a guerra traz aos seus combates e as nações envolvidas.

A obra foi inspirada na canção homônima ao livro, do artista Zeca Afonso, completado quatro anos para ser concluída, após uma vasta pesquisa na história e horas de depoimentos e testemunhos de ex-combatentes durante a Guerra Colonial. Um livro repleto de terror, guerra e muita violência.

Felipe Melo além de autor, é diretor e músico, colaborando com artistas como Benny Golson, Peter Bernstein, Deolinda, GNR, Camané, Carlos do Carmo, Sheila Jordan, The Legendary Tigerman, Big Band do Hotclube, Orquestra Metropolitana, entre muitos outros. Escreveu, produziu e dirigiu vários projetos: “I’ll see you in my dreams”, vencedor do Fantasporto 2004, e “Um mundo catita”, a primeira série de ficção da RTP2. Além de dirigir videoclipes, documentários e propagandas comerciais.

No ano de 2011, o autor foi convidados pela Dark Horse Comics para fazer parte da coletânea “Dark Horse Presents”, vencedora do prêmio Eisner, junto de Frank Miller, Dave Gibbons e Mike Mignola. Filipe Melo ainda é criador da trilogia “As aventuras de Dog Mendonça” e “Pizzaboy”, com Juan Cavia. Atualmente, leciona na Escola Superior de Música de Lisboa.

Já Juan Cavia, sempre gostou de desenhar, quando criança passava horas copiando seus livros de histórias em quadrinhos. Com 10 anos começou com o professor Carlos Pedrazzini, desenvolvendo os seus conhecimentos sobre anatomia humana, perspectiva e síntese, para depois se concentrar mais profundamente na narrativa. Após concluir do ensino médio, começou a estudar cinema, enquanto trabalhava paralelamente como storyboarder e concept designer para algumas produtoras de publicidade. Cavia é ilustrador e coautor da trilogia “As aventuras de Dog Mendonça” e “Pizzaboy”, em parceria com Melo. Atualmente, trabalha como diretor de arte para cinema e publicidade, destacando-se sua participação como set designer no filme argentino El secreto de sus ojos, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.