BRASÍLIA – A Caixa Econômica Federal anunciou, nesta quarta-feira (5), a redução nos juros nos financiamentos imobiliários, com entrada em vigor a partir da próxima segunda-feira (10).
A maior taxa cobrada pelo banco caiu de 11,00% + Taxa Referencial (TR, atualmente em zero) para 9,75% + TR. A menor taxa, que é paga pelos clientes que já têm relacionamento com a instituição, foi reduzida de 8,75% + TR para 8,5% + TR.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse que a redução das taxas de juros ainda não é o movimento definitivo do banco para diminuir o custo dessas operações.
“A mudança de paradigma será mudar a indexação dos empréstimos para o IPCA em novos empréstimos. Mas o sistema da Caixa ainda não está preparado para isso. Por isso estamos fazendo agora um movimento intermediário e vamos lançar o novo modelo em duas ou três semanas”, afirmou.
“Esse componente da TR vai ser trocado pelo IPCA, o que facilita a proteção da instituição por meio da compra de títulos federais remunerados pelo mesmo indexador. O modelo já está aprovado, mas o sistema do banco ainda precisa ser adaptado. Haverá uma redução ainda mais impactante”, explicou.
Segundo Guimarães, o risco de a inflação se elevar durante o prazo das operações seria o mesmo tanto nas linhas de TR quanto nas linhas de IPCA.
Além disso, ele voltou a dizer que a indexação pelo IPCA facilitará a securitização da carteira imobiliária. “Se eu conseguir securitizar 10% da carteira por ano, eu dobro a minha oferta de crédito. Isso será uma revolução. Acredito que outros bancos também devem abrir linhas com juros referenciados pelo IPCA”, completou.
Unificação das taxas
O banco também unificou as taxas praticadas nos empréstimos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), voltado para imóveis com valor acima de R$ 1,5 milhão que não podem ser financiados com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
As taxas anunciadas nesta quarta valem nas diversas modalidades de financiamento imobiliário: imóvel novo, imóvel usado, aquisição de terreno e construção, construção em terreno próprio, e reforma e ampliação.
“Estamos igualando as taxas para as diferentes faixas de renda. A taxa é igual para todo mundo. Estamos eliminando essa distorção, que era o tratamento diferenciado entre as faixas de renda”, comentou o presidente.
Ele garantiu que o Caixa não deixará seu foco na baixa renda, mas afirmou que o banco também buscará crescer no crédito para a classe média.
Segundo Guimarães, a Caixa voltará a emprestar pela modalidade Price, que tem parcelas iniciais mais baratas. “Isso era uma demanda das construtoras e dos tomadores de empréstimos. Vamos deixar o mercado fluir e deixar o cliente escolher entre SAC e Price”, concluiu.
Renegociação de dívidas
A Caixa também divulgou as condições para a renegociação de dívidas imobiliárias de pessoas físicas. Segundo o banco, as medidas atingem 589 mil contratos (11% da carteira) e devem beneficiar 2,3 milhões de pessoas. Em alguns contratos, pode haver perdão de multas.
Segundo Guimarães, os atrasos de pagamentos na carteira de crédito habitacional do banco chegam a R$ 10,1 bilhões.
Entre as opções está o pagamento à vista de uma entrada e a incorporação das parcelas atrasadas nas próximas prestações do empréstimo. Essa opção estará disponível para 111 mil famílias, com dívidas de R$ 1,8 bilhão.
“Algumas pessoas correm o risco real de perderem suas casas próprias. Preferimos que esses clientes paguem uma prestação e diluam o resto da dívida no prazo dos contratos. Acreditamos que essa alternativa seja a mais atrativa”, avaliou Guimarães.
Outras 237 mil famílias, com R$ 4 bilhões em dívidas, poderão pagar a prestação mais antiga atualizada e incorporar o saldo devedor ao resto do financiamento.
As 51 mil famílias com atrasos superiores a 180 dias, e dívidas de R$ 900 milhões, poderão ter o perdão de multa e juros moratórios ao pagarem a primeira prestação da entrada.
Há ainda 15 mil famílias, com débitos de R$ 300 milhões, na iminência de terem seus imóveis retomados, que poderão ficar adimplentes com o pagamento de uma prestação. “Quando se atrasam 10 ou 15 prestações, é porque não irá pagar mais. Então estaremos na prática fazendo um novo crédito para essas pessoas”, completou o presidente do banco.
Há ainda a possibilidade de usar o saldo do FGTS para reduzir o valor das prestações, além da mudança da data de vencimento das parcelas. Os clientes poderão ainda buscar as agências do banco para tentarem um acordo.
Crédito das Fotos: Valter Campanato/Arquivo/Agência Brasil