Teu Retrato
Hoje eu te procurei
Busquei saber um pouco de ti
Estavas ali, no fundo, eu sei
Sob lembranças pressenti
Tátil busca então percorri
Escombros de tudo desabado
Restos de saudade eu senti
Falenas ao espaço arremessado
Desta solidão eu tenho medo
Não sei qual será a minha reação
Ao te buscar assim em segredo
No anoitecer desta paixão
Enfim lá no fundo eu te encontro
Na prateleira sob trapos você está
Te seguro pela moldura em raso pranto
N’alma sinto a frieza do seu olhar
Fotografia há tanto escondida
Nunca ousei de novo olhar
Guardas em seu semblante uma vida
Que nunca soubestes cultivar
Agora, sem medo e sem pejo
Receio nenhum sinto em te olhar
Com que desdém hoje te vejo
Amor do pecado sem pecar
Por Múcio Amaral da Costa – advogado e poeta potiguar