Os indicadores econômicos apontam uma situação bem desfavorável para o brasileiro neste momento. Seja ele o dono do negócio ou o profissional que atua neste negócio, a situação não está fácil e para piorar, a tendência é de que a recuperação da economia como um todo, demore alguns anos para acontecer.
Não sou de dourar a pílula, não gosto dessa conversa mole de dizer que crise é algo da sua cabeça e que basta acordar cedo e pensar muito positivamente que o universo (seja lá que universo for) conspirará a seu favor. Essa falácia é muito boa para quem vende autoajuda, e só. Normalmente o iludido gasta uma boa grana e em algum momento se dá conta de que todos nós estamos interligados em uma macroeconomia e se a estrutura não avançar muito poucos serão aqueles que ganharão dinheiro. Por consciência aqueles que já tinham dinheiro ou os que vendem autoajuda. Mas isso é papo para outro dia.
Porém, por outro lado, quero dividir com você, caro leitor, um contraponto bem real.
Em plena escassez de empregos e oportunidades, com um gigantesco número de trabalhadores brasileiros desempregados, fora os que pararam de procurar emprego e já não entram mais as estatísticas, eu vejo pessoas trabalhando com mau humor, com displicência, com total desinteresse.
Até serem demitidas e poderem entrar para a enorme fila dos desempregados, todos os dias reclamando que não tem uma oportunidade e que as empresas são cruéis ao demiti-los.
Agora, me diga se dá para entender essas pessoas? Eu não consigo, me ajude.
Outro dia um amigo me relatou que entrou em uma concessionária disposto a trocar o seu carro por um modelo mais completo e novo. Fez uma boa pesquisa antes, consultor outros amigos, viu os modelos e preços na internet, andou até em um carro igual, de um irmão e estava decidido a fechar negócio sem pestanejar, com o dinheiro da compra já no banco, “escutando a conversa” como se diz.
Mas, veja você, saiu da concessionária de mãos vazias e muito, muito irritado. Descreveu-me o show de horrores do atendimento que, digamos, sofreu, não tem outra palavra, foi sofrimento mesmo. Má vontade, despreparo, morosidade com que foi tratado. Foram unanimes, do vendedor, ou melhor dizendo, “tirador de pedido” na frente da loja até a moça do caixa, que estava no whatsapp e nem sequer disfarçou. Detalhe, a loja estava vazia (alguma surpresa aqui?!).
O que me deixa impressionado é que depois esse tipo de profissional fica surpreso quando é demitido. Fica surpreso quando a loja vai à falência. Quando as oportunidades deixam de existir para ele. Como assim, eu, um talento humano, estou sendo demitido?
Pessoal, é hora de arregaçar as mangas e cair matando, com licença do linguajar popular, mas não tem boquinha não, a hora é de sangue no olho e faca nos dentes, sem reserva. Desdobrar no atendimento, focar nas metas, buscar a excelência com a máxima motivação possível, a hora exige o que temos de melhor. Não dá para se economizar nisto.
Sabemos, imagino que todos sabem, a mais pura verdade: Só o cliente sustenta um negócio, seja ele qual for. Então é hora de ampliar a experiência de satisfação, de encantamento deste cliente com o negócio ao qual você trabalha, seja você o dono ou membro da equipe. Cliente apaixonado pelo seu produto ou serviço não só volta como faz propaganda de graça, rindo, feliz.
E quanto à crise? Vai passar, claro que vai. Não há tempestade que dure para sempre. Mas neste exato momento, alguém precisa de seus serviços, não deixe por menos, vá e encante!
Jean Tavares Leite é Psicólogo Organizacional e professor universitário.
Crédito da Foto: Reprodução/ SBsistemas