Do mesmo lado da mesa, na sala de audiência Praia de Ponta Negra, do Centro de Solução de Conflitos Judiciais do TRT do Rio Grande do Norte, representantes do ABC Futebol Clube e de ex-atletas e ex-funcionários calculam valores e discutem fórmulas para quitar uma dívida de R$ 10 milhões de várias ações reunidas em um único processo.
No centro da conversa, o juiz Michael Knabben, coordenador do CEJUSC-MAR, em Natal, ajuda as partes a concretizar um acordo que vem sendo construído desde no ano passado.
“São processos que se arrastam há mais de dez anos e que, nesse grande mutirão, estão tendo fim”, comemora o magistrado.
Durante a audiência, realizada na 5ª Semana Nacional da Conciliação Trabalhista, o juiz é interrompido por várias ligações de videoconferência de ex-atletas do ABC que moram fora de Natal.
A cada um, Michael Knabben explica calmamente os termos do acordo e, ao final da chamada, recebe o sinal verde para seguir com a conciliação.
A lista de credores é grande e nela constam nomes de jogadores conhecidos, como o ex-volante Neto Coruja, que defendeu o ABC em 2015 e o goleiro Junior Belliato, que jogou em 2017 e atualmente defende o Tubarão, de Santa Catarina.
O meia Gomes, atualmente no Ypiranga do Amapá, que atuou pelo ABC em 2016 e o atacante Tatá, que defende o Pelotas, do Rio Grande do Sul e vestiu a camisa do ABC em 2017 também estão entre os beneficiados pelo acordo.
“Essa solução da justiça é genial, inovadora, é um processo de criatividade. Eu atribuo isso a renovação de pensamento”, reconhece a advogada Lara Torquato, que representa atletas e ex-funcionários do clube.
Amanda Jota, advogada que defende o ABC, acredita que “essa é uma forma de desburocratizar, de conciliar de forma rápida e ágil”.
Pelo acordo firmado pela diretoria do ABC e seus credores, a dívida total de R$ 10 milhões será parcelada em quatro anos. O clube ofereceu como garantia os rendimentos do Timemania, loteria da Caixa Econômica Federal.
“A cada 12 meses haverá uma atualização no cálculo do remanescente da divida, com atualização e correção monetária”, detalha Michael Knabben. Segundo o juiz, o clube também pretende vender uma área e isso “possibilitaria pagar todos os acordos à vista, com deságio de 30% da dívida”.
Os credores do ABC, entretanto, decidirão se querem receber 70% do valor da dívida em uma única vez ou continuar recebendo os 100% em 48 meses.
Fonte: Ascom – TRT/21ª Região