Crônicas da Velha Ribeira (48)

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Para os adolescentes que já tavam “comprando ingressos” de entrada à maioridade, na descoberta dos mistérios do sexo, a principal escola era a “universidade” cujo “campus” funcionava espalhado pelas ruas e becos desta Velha Ribeira.

Os mais abonados, faziam seus “vestibulares’ e tiravam PhD nessa complicada matéria na rua Padre Pinto, sede da boate de Maria Boa.

Mas os menos favorecidos na parte financeira vinham mesmo era para o velho bairro, onde funcionavam “pensões alegres” de várias categorias. Dentre as mais alinhadas, destacava-se a Boate Arpege, da lendária Francisquinha, que tinha sede num prédio de três andares – atualmente em ruinas – na esquina da travessa Venezuela com a rua Chile.

Ali, tinha até mesmo um “dancing”, onde eram testadas as curvas da inquilina escolhida pelo candidato para deitar-se com ela por alguns minutos…

Na rua Chile, pertinho do Sport Clube de Natal e do Centro Náutico Potengy, havia o Wonderbar, preferido pelos americanos que serviram em Natal durante a Segunda Guerra. Também estava instalado num prédio de três andares.

Na Duque de Caxias, esquina com a 15 de novembro, o “quente” era o cabaré de Chico de Sofia, nos andares de cima do edifício Varella, em cujo térreo funcionavam várias casas comerciais.

Na Almino Afonso, frequentava-se a Pensão Ideal, onde hoje tem uma dependência do serviço de trânsito da Capital. Consta que, ali, nos fundos do vasto terreno onde erguia-se uma pequena torre, a experiente Honorina – profissional competentíssima, já na meia-idade – promovia a iniciação aos prazeres da carne a um sem número de mancebos. Dizem que tinha até mesmo um ar maternal…

Na mesma rua, vizinho ao prédio onde foi a sede do Armazém Pará durante alguns anos, existia a Pensão Coimbra.

Na Ferreira Chaves, em frente à Delegacia Policial que ainda hoje está lá, tinha a de Zefa Paula e na esquina do mercado, a Rosa de Ouro, essas três últimas de categoria um pouco mais baixa, porém bastante preferidas pela negrada.

Das casas de menor “categoria”, não se tem muito registro.

No entanto, na 15 funcionava uma das mais rasteiras e pouco frequentada pelos iniciantes e demais fregueses da noite, porque alí pontificavam indivíduos mal encarados, tipos rafeiros e até gente com problemas com a Lei.

Mas, o supra sumo da baixeza, algo mais parecido com um dos “Circulos do Inferno” descritos por Dante Alighieri, eram os cabarés do Beco da Quarentena, que liga a Frei Miguelinho com a rua Chile. Frequentado por embarcadiços de terceira classe, cachaceiros, brigões, o Beco tinha uma característica especial: era prova de “machalidade” entre os mais jovens. Ficava uma turma no lado da Frei Miguelinho, outra, no da rua Chile e o “vestibulando” era instado a atravessar o Beco, depois das dez da noite…

Se fizesse a travessia, era “passado a pronto” e aceito, com louvores, no grupo.

Porém, tinha cabra que não achava coragem para tanto. Esse, amargava um certo ostracismo…

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