Análise: Corpse Party: Sweet Sachiko’s Hysteric Birthday Bash (PC): uma história extra para fãs

Originalmente lançado no Japão para PSP, Corpse Party: Sweet Sachiko’s Hysteric Birthday Bash é um caso um pouco curioso para a série de terror. Ao invés de se focar nos eventos macabros pensados pelo Team GrisGris, o jogo é focado em comédia e fanservice. Apesar de inicialmente estranha, a escolha funciona bem, especialmente para fãs de longa data, que são claramente o público-alvo do título.

Um aniversário para reforçar laços

Em um dos vários universos paralelos que coexistem com os eventos de Corpse Party e Corpse Party: Book of Shadows, Sachiko decide realizar uma festa para o seu próprio aniversário. Para aproveitar ao máximo o dia, ela decide reunir todas as pessoas que estão presas à maldição de Heavenly Host e realizar uma série de eventos divertidos. Obviamente, se tratando da jovem garota e da escola amaldiçoada, todos os personagens ficam apreensivos com as possíveis repercussões macabras de participar dessas atividades.

Com isso o jogo aproveita para fazer piadas e desenvolver cenas em que personagens variados interagem, não se restringindo à equipe original. Há mais tempo para trabalhar as personalidades peculiares de cada um em momentos descontraídos. O jogo é claramente para quem é fã desse aspecto em particular, apresentando cenas e diálogos interessantes que reforçam os vínculos entre os personagens, mas que passariam despercebidos para quem não conhece os títulos anteriores.

Em termos do humor, há diálogos auto-referenciais quebrando a quarta parede, situações ridículas como se o jogo fosse uma espécie de programa de TV de gincana e várias cenas de fanservice. Esses elementos se misturam em uma história extremamente forçada e totalmente nonsense, mesmo havendo algumas repercussões para o cânone da série, em especial com a introdução de personagens presentes em Corpse Party: Blood Drive (PS Vita). É relevante destacar que isso pouco influencia no entendimento da sequência, apesar de adicionar novas camadas de significado a alguns eventos, em particular o encontro de Kishinuma com um certo inimigo no jogo de Vita.

Há particularmente um capítulo final cujo tom é bastante próximo ao usual da série, seguindo um estilo mais sério e sombrio. No entanto, de forma geral, é perceptível que as histórias não levam a lugar nenhum e suas consequências serão, em sua maior parte, insignificantes. Por outro lado, acredito que fãs de longa data como eu devem apreciar a oportunidade de ver os personagens interagindo com uma relativa tranquilidade em eventos mais bobos.

É uma pena falar que o jogo tem pouca importância na série porque é perceptível que a XSEED manteve a alta qualidade de seu processo de localização. Enquanto o áudio é exclusivamente japonês (como sempre foi o caso para a série), o texto em inglês trabalha com interpretações detalhadas das personalidades dos indivíduos. Muito longe de um trabalho seco de tradução que se preocupa em seguir fielmente o que foi falado, há um esforço de apresentar diálogos bastante expressivos.

Um extra bonito para fãs

Outro detalhe muito relevante é que, ao contrário dos outros jogos da série, Sweet Sachiko’s Hysteric Birthday Bash é puramente uma visual novel. Não há qualquer tipo de exploração, nem mesmo no estilo point-and-click. Todas as cenas são estritamente obtidas em caixas de diálogo e as escolhas do jogador são a única forma possível de alcançar “finais errados”.

Essa redução de escopo é um pouco incômoda, mas faz sentido, dado que investigar os corredores da escola era uma parte da tensão proposta pela série. Seja em terceira pessoa como no original e em Blood Drive ou em primeira como em Book of Shadows, explorar implicava em encontrar os terrores da macabra Heavenly Host.

Em termos específicos da versão de PC, assim como em Book of Shadows, a adaptação para teclado e mouse é muito bem feita, existe uma grande variedade de resoluções possíveis e o áudio da série é melhor apreciado com fones de ouvido (apesar de que as baixas doses de terror tornam o áudio menos importante para este jogo em particular). Como foi minha primeira vez jogando a série em meu novo computador com o uso de uma TV HD como monitor, me impressionei profundamente com a qualidade de imagem do jogo em alta resolução.

Outro aspecto interessante é a trilha sonora que mantém os elementos típicos da série, mas apresenta também algumas músicas com twists cômicos. Isso é especialmente perceptível no tema que toca na maior parte do tempo, uma música que começa de forma muito similar à trilha de Heavenly Host, mas em um determinado momento muda completamente o tom para algo descontraído.

Infelizmente, devido à sua natureza de “obra cômica para os fãs” e ao fato de que o jogo pouco contribui de fato para a narrativa geral da série, Corpse Party: Sweet Sachiko’s Hysteric Birthday Bash é uma aventura por Heavenly Host totalmente dispensável. Fãs mais fervorosos que adoram as interações entre os personagens irão se divertir com o título, mas é difícil recomendá-lo para outros jogadores.

Prós

  • Tradução expressiva (como usual da série);
  • Adaptação bem feita do jogo para o PC;
  • Algumas cenas e diálogos fazem um bom desenvolvimento dos personagens.

Contras

  • História pouco relevante para a série;
  • Elimina completamente a exploração;
  • Difícil aproveitar sem ter jogado os anteriores.

Corpse Party: Sweet Sachiko’s Hysteric Birthday Bash – PC – Nota: 6.0

Revisão: Raphael Barbosa
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games
Texto de Ivanir Ignacchitti
Fonte: GameBlast
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