Edilson Alves França é colecionador voraz de dicionários. Na biblioteca pessoal, tem 2.018 glossários dos mais diversos temas – número que ele afirma ser recorde. Professor universitário e jurista aposentado, o natalense, morador do bairro de Candelária, está produzindo uma própria enciclopédia: o Dicionário da Corrupção.
Durante uma pausa nos trabalhos do livro para uma conversa com o Portal No Ar, França conta que a inspiração para produzir o livro veio da atual conjuntura do Brasil, onde casos de corrupção são frequentemente revelados. “Estamos em plena efervescência da corrupção e ninguém escreveu um dicionário sobre isso ainda?” foi o pensamento que o inspirou a dar início à obra.
O modelo de escrita do livro foge dos tecnicismos e definições de dicionários jurídicos e tem o objetivo de criar um material com cunho pedagógico para todos os tipos de leitor. Para isso, França apresenta e explica os verbetes de forma simples e objetiva, além de dar exemplos de casos reais da aplicação dos termos.
“Estou dando uma definição moderna e um caso concreto para o leitor assimilar a natureza jurídica e social daquele termo”, explica o autor.
A principal fonte para as definições de centenas de termos são as anotações feitas durante décadas em diversas atividades no meio jurídico do Rio Grande do Norte e do Brasil. Além disso, os artigos escritos por ele para o jornal Tribuna do Norte também servem de material para o livro.
Carreira
Em 2015, quando começou a pensar na criação do Dicionário, França assumiu a Secretaria de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, a Sejuc. O então governador do estado, Robinson Faria, o chamou para assumir a pasta pouco tempo após a rebelião no presídio de Alcaçuz.
Ele esteve no cargo por apenas nove meses, “compromisso de pouco tempo”, conta, pois “sabia que o Estado não faria o que eu queria, que era reformar o sistema prisional com base na educação”.
Também trabalhou por dez anos como Procurador Eleitoral e cinco como Subprocurador de tribunais superiores, como o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, além de ter sido Juiz de Direito.
Com mais de 70 anos – e isso é tudo o que França revela sobre sua idade –, ele é professor da Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Antes, trabalhou pela graduação do curso na mesma instituição.
Lançamento
O professor diz que o dicionário está 70% concluído e conta que está trabalhando “noite e dia” revisando os termos, os exemplos e adicionando mais verbetes. Ele pretende terminar a produção até o mês de agosto e lançar ainda este ano.
França revela que três editoras nacionais já estão interessadas em publicar a obra, mas ele admite que prefere lançar a primeira edição em nível local, mais rápida e acessível, com uma editora potiguar. “Uma segunda edição, com ampliação no número de verbetes e atualização nos casos concretos, eu lançaria em todo o país”, conta.
Além disso, mesmo com o trabalho ainda não concluído, diz que já pensa em dois novos livros. Um deles já tem até título: “A Justiça não existe”, um romance baseado nas histórias de corrupção no Brasil.
Fonte: Portal no Ar
Imagem: reprodução/Portal no Ar