Vamos falar sobre valorização das pessoas no ambiente de trabalho?
Êpa, tenha calma, às vezes a gente pensa que está lendo um tema já batido, comum. Um tema claro, de fácil entendimento e até repetitivo. Mas, caramba, parece que quanto mais se fala nisso, mais uma boa parte dos gestores não compreendem a importância e o desdobramento do assunto.
Quantas vezes, em reuniões reservadas, fóruns de gestão de pessoas, entrevistas, a gente ouve que um excelente profissional pediu para sair ou acabou perdendo o entusiasmo no trabalho porque não havia por parte de seus líderes, nenhuma ação de valorização de seu trabalho.
Agora me diga, é difícil entender que toda pessoa, seja em que cargo for, precisa, emocionalmente, se sentir valorizada?. Tenho certeza de que não é necessário fazer pós-graduação em gestão de pessoas para se compreender isso. Agora, há de se colocar as coisas de forma clara.
Eu particularmente chamo isso, e só a isso de reconhecer o esforço. Meritocracia. Aí meu deus, lá vem outra celeuma. Muito se fala e muito se combate o termo, o conceito. Mas aqui, eu utilizo esse paradigma estritamente dentro da organização. Nunca fora. O conceito não é social, não é cultural. Para mim, ele se restringe a avaliação de desemprenho de minha equipe.
E detalho. Se, dentro de uma empresa, sob as mesmas condições, um profissional se destaca, digo, entrega resultados, bate metas, agrega valor para a equipe e para os objetivos estratégicos da empresa. Mérito!
Valorizar um profissional, reconhecendo seu esforço na execução de suas tarefas e, sobretudo, a qualidade de seus resultados é fundamental. Não há a possibilidade de dúvida quanto a essa ação. Valorização, valorização, valorização, mil vezes valorização dos bons profissionais que compõem um time, uma empresa.
Mas vamos deixar algumas coisas ainda mais claras aqui. Valorizar um profissional não é apenas pagar uma boa remuneração pelo serviço executado… Não é SÓ isso. É isso e mais além.
Obviamente pagar bem, pagar além da faixa de mercado. Pagar em dia. “Pagar sorrindo” como eu costumo dizer é algo básico para você ter uma equipe satisfeita. Mas quando falo em valorizar você precisa combinar ações. Valorizar é olho no olho, é exercício diário é comprometimento com o sonho do profissional, com seus anseios pessoais, suas expectativas também.
Que danado de líder é você se não reconhece seu subordinado? Será ele um robô? Claro que não.
Também não me vem com plaquinha na parede de “funcionário do mês”, sempre com aquele sorrisinho amarelo de constrangimento. E também não é um brinde tosco de “reconhecimento”, nada de dar ventilador, ferro de passar roupa ou liquidificador. (Outro dia um empresário conhecido meu passou um mês na Europa, se esbaldou entre restaurantes franceses caríssimos e festas nas praias da Itália, tudo devidamente postado nas redes sociais. Avisou que iria levar um presente para sua querida equipe… Trouxe um chaveirinho ridículo para cada um dos seus seis gerentes… Você faz ideia do comentário da turma, no cafezinho? Não conto porque pode ter crianças lendo esse texto. A digníssima senhora mãe dele foi muito lembrada.)
Valorizar é coisa para gente grande. Ou faz bem feito, ou deixa quieto e se arrisca a ver os melhores talentos, os mais aguerridos e determinados, caindo fora de seu projeto.
Jean Tavares Leite é Psicólogo Organizacional e professor universitário.
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