O port de DoA 5 para a geração atual de consoles trouxe um jogo decente, mas que ainda não fazia jus a tudo que a franquia representava ao gênero de jogos de luta. Dead or Alive 6 (Multi) chegou não só para corrigir essa falha, mas também colocar o nome da série de volta no radar dos jogadores que procuram uma boa porradaria.
Bonito de se ver
Uma aposta franca da saga são os visuais. Desde os trailers até a demo que testamos na BGS do ano passado, tudo pareceu muito bem feito. Felizmente, o produto final mostrou-se ainda melhor. As animações durante a luta são muito bem feitas, fluidas e visualmente impactantes.
Destaque para o Break Blow, um ataque fortíssimo em que é dado um close no momento do impacto. Quando essa novidade foi anunciada, parecia que todos seriam iguais, com os lutadores dando um socão na cara do outro. Porém, a grata surpresa é que cada um recebeu um movimento baseado em sua arte marcial.
Toda vez que alguém recebe um desse, uma parte da sua roupa se desfaz. Na maioria das vezes é algum adorno da cabeça, como óculos ou capuz, que saí voando, mas também tem alguns que apresentam avarias na parte do peito e pernas, mas nada muito significante.
Hayate e Hayabusa, por exemplo, dão uma pancada certeira no torso do oponente. Já Jan Lee, Diego e Zack, acertam um murro potente na cara, a ponto de até voarem pingos de suor com o impacto da pancada. Quem merece um destaque é Rig, que usa seus movimentos de tae-kwon-do para acertar um chute aéreo violentíssimo.
Algo que foi prometido pelo Team Ninja é que dessa vez os lutadores apareceriam com mais detalhes, como danos faciais. Após cada batalha, a cena de vitória mostra bem esses detalhes, por mais que sejam mínimos. Mesmo em uma luta em que o adversário mal consiga encostar em você, a estafa é nítida e o personagem visivelmente estará pingando.
Prepare-se bem antes de lutar
Conhecido por sua jogabilidade bastante técnica, DoA 6 traz um dos modos de treinamento mais completos que já foram vistos na franquia. Além do já tradicional treino livre, existe um tutorial com cerca de 40 lições, que ensinarão todos os conceitos básicos, intermediários e avançados. Desde os golpes básicos até as técnicas de contra-ataques, tudo está minuciosamente explicado.
Também é possível praticar os movimentos básicos de cada personagem. Basta escolher um lutador e realizar os comandos na tela, sem nem precisar acertar o dummy. O tamanho da lista varia entre cada um, mas é um processo bem divertido saber como o efeito de um botão muda a característica de um soco ou chute.
Algo que também não podia faltar são os combo challenges. Essa parte envolve sequências mais complexas, que vão desde arremessos interligados, golpes que pegam o adversário no ar e até mesmo combinações que envolvem as interações com as fases. Inclusive, esses últimos são os mais divertidos. Todos os brigões possuem uma lista com 20 comandos, sem exceção.
Batalhas empolgantes, mas história dispensável
DoA 6 traz diversos modos de jogo. Como é de praxe, estão disponíveis arcade, time attack e survival (sobrevivência). Neles, você passa uma série de combates em um nível de dificuldade previamente escolhido. Ao terminar qualquer um deles, você ganha títulos, pontos para novos trajes e moedas, que são usadas para comprar faixas da trilha sonora e até mesmo roupas novas.
Os outros dois modos dessa edição são story (história) e o quest. Infelizmente a trama do jogo não empolga em nenhum momento e chega até a se tornar tediosa. A narrativa é dividida em diversos capítulos espalhados entre os personagens. Existe uma linha principal, conduzida pelo ponto de vista de Hayate, Ayane e Kasumi, e os outros personagens vão ganhando trechos isolados, apenas para complementar informações.
A falta de uma linearidade nesse caso deixa a história desinteressante. Se seguirmos a linha central, tudo dura cerca de 20 minutos. Em pouco mais de duas horas já dá para se resolver tudo. Vale uma menção nada honrosa para a dublagem desse modo, que também é esquisita. Diversas vezes o áudio sai completamente da sincronia com a animação e os personagens com sotaque, como Bayman e Helena, soam um pouco artificiais e forçados. Além disso, terminá-lo não oferece recompensa alguma.
Já o modo quest é bastante divertido e nos leva a por em prática tudo que aprendemos nos treinos. Cada luta traz missões para serem completadas e ao final ganhamos de uma até três estrelas. O número de estrelas influencia no nosso prêmio, que podem ser em moedas, artigos da biblioteca e pontos para desbloqueio da roupa. São mais de 150 tarefas para serem completadas.
Guarda roupas pequeno
Outra novidade que foi prometida era a personalização do seu lutador favorito, mas infelizmente essa não saiu como o desejado. O que se esperava era poder escolher cada parte do traje, mudar sua cor e adicionar os adereços que mais lhe agradavam, como em Tekken 7 (Multi), por exemplo. Entretanto, as opções de customização são poucas. Elas se limitam em combinar um uniforme já estabelecido, um penteado e um par de óculos.
Cada variação de cor já conta como um traje diferente e cada estilo distinto possui três combinações de cores. Sendo assim, o que seriam duas vestimentas diferentes com três cores, na verdade contam como seis.
Como de costume, as mulheres da série ganharam várias fantasias diferentes e, nesse esquema de contagem, pode-se dizer que algumas possuem cerca de 15 modelos diferentes para vestir. Isso sem contar os adornos para cabeça como tiaras, chapéus e penteados variados. Já os homens possuem, sem exceção, apenas 6 trajes (sem contar os DLCs futuros). A única parte que realmente é possível escolher o que quiser são os óculos escuros, que são comprados à parte e podem ser usados por qualquer um. Basta selecionar o desejado antes de qualquer luta começar.
Outra coisa incômoda é o método para liberar cada uma. Primeiro deve-se ganhar uma quantia determinada de pontos para depois comprá-la usando as moedas. A quantia de pontos que ganhamos varia de acordo com o modo de jogo e a dificuldade, só que nem sempre conseguimos os pontos para os trajes do personagens que queremos, principalmente no modo quest. Isso torna tudo aleatório e cada traje tem uma quantidade diferente de pontos. Alguns pedem 200 enquanto para outros são necessários 1000.
Soco no bolso
Desde a geração passada, um ponto contra muito forte para a série DoA é seu preço. O título anterior teve pelo menos sete passes de temporada que custavam praticamente o mesmo que o jogo. Não que esse exagero vá ser repetido, mas o que temos agora ainda é caro demais e a disparidade entre as plataformas também assusta.
No Xbox One, a versão básica do jogo custa R$ 119, o que é um preço bastante justo. Porém, as versões de PC e PlayStation 4 estão custando R$ 249,90. Praticamente o dobro do valor e sem justificativa alguma, nem conteúdo adicional diferenciado. Estamos falando só da versão básica do jogo. Existem outros detalhes que tiram o brilho do título.
O jogo possui duas lutadoras extras, Nyotengu e Phase 4. A primeira só pode ser adquirida à parte enquanto a segunda está disponível apenas para quem comprou a versão deluxe, que custa R$ 319,90 para PC e PS4. Já para o console da Microsoft, saí por R$ 159. Vale lembrar que ao comprar o Season Pass, serão adicionados mais de 60 trajes novos, sem data prevista ainda, e dois personagens que ainda serão lançados. Um deles é Mai Shiranui, das séries Fatal Fury e The King of Fighters.
Entretanto, o custo de tudo isso é pesado demais apenas para poucos personagens extras e milhares de roupas que sequer podemos escolher as cores livremente. Também é muito cruel com o jogador possibilitar usar Nyotengu e Phase 4 no modo história e na customização, mas ter elas travadas nas demais modalidades.
Para todos os gostos
Dead or Alive 6 (Multi) tem essa desvantagem de preço, mas é um título que vale muito ter na sua biblioteca. Os combates são intuitivos e rápidos, além de ser um jogo bastante inclusivo. Os novatos têm diversas ferramentas disponíveis para aprender de tudo no jogo e conseguir evoluir nos combates. Já os mais experientes encontrarão um jogo que entrega tudo de melhor no que a série já fez em sua história.
Prós
- Combates dinâmicos, com ótimas animações para cada golpe, principalmente para os Break Blows;
- Modo de treino bastante completo, tanto para movimentos gerais quanto para cada personagem;
- Estágios bem trabalhados com ótimas interações que além de serem divertidas, possibilitam combos criativos;
- Modo quest;
- Trilha sonora variada e personalizável.
Contras
- Modo história é mal contado e sua falta de linearidade nos faz perder o foco em pontos chave ou que deveriam ser importantes;
- A falta de sincronia das vozes com as animações é gritante e algumas dublagens são sofríveis fora das lutas;
- Poucos trajes masculinos e personalização limitada;
- Preço elevado para PC e PS4.
Dead or Alive 6 – PC/PS4/XBO – Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Análise feita com cópia digital cedida pela Koei Tecmo
Revisão: Francisco Camilo