O Rio Grande do Norte é o segundo estado brasileiro com a maior quantidade de cocaína apreendida pela Polícia Federal nestes três primeiros meses de 2019, com 3,4 toneladas. Dados do órgão concedidos à reportagem mostram que o estado está atrás somente do Paraná, que registra 6,2 toneladas. A maior parte das apreensões do Rio Grande do Norte diz respeito às que foram feitas no Porto de Natal nos dias 12 e 13 de fevereiro em cargas destinadas à Holanda, somando 3,2 toneladas.
Ao todo, 17,5 toneladas da droga foram apreendidas pela Polícia Federal no Brasil este ano. A quantidade encontrada no Rio Grande do Norte corresponde a 19,3% desse total. Outros estados com grandes apreensões de cocaína são São Paulo (3,17 toneladas), Mato Grosso do Sul (2,09 toneladas) e Mato Grosso (1,5 tonelada).
O volume de cocaína não leva em consideração as apreensões em outro países de cargas exportadas pelo Brasil. Somada a essas, a cocaína apreendida dentro de exportações a partir do Porto de Natal chega a 10 toneladas. A reportagem questionou a Receita Federal, que registra essas apreensões externas, qual foi o volume total feito em 2019 no Brasil, mas o órgão afirmou que ainda não há um balanço parcial do ano.
Os três primeiros estados (PR, RN e SP) com maiores apreensões da PF este ano tem uma característica semelhante: são regiões litorâneas. Semelhante ao Rio Grande do Norte, a maior parte da droga no Paraná foi feita em porto, o de Paranaguá. Foram 3,5 toneladas encontradas no local em pelo menos três apreensões. Elas estavam ‘camufladas’ em cargas de frango congelado e de madeira. No caso do Porto de Natal, as cargas eram de manga e melão. O destino da droga de Paranaguá também era o mesmo da cocaína encontrada em Natal: o Porto de Rotterdã, na Holanda.
Os outros dois estados com grandes apreensões (MS e MT) são regiões que fazem fronteira com a Bolívia e Paraguai. Os cartéis da Bolívia são apontados como os donos da cocaína encontrada no Porto de Natal e os principais produtores da droga para a Europa. Delegados da Polícia Federal consideram os dois estados como corredores para escoar a droga. As maiores apreensões ocorridas nos estados foram em carros e depósitos de drogas, que serviriam de ‘entreposto’ até o destino para sair do Brasil.
Evolução:
De um ano para o outro o Rio Grande do Norte saltou oito posições entre os estados com as maiores apreensões da Polícia Federal. Durante 2018, 1,7 tonelada de cocaína foi encontrada pelo órgão. O estado terminou o ano em décimo lugar entre os que mais tiveram apreensões. Um galpão encontrado em Parnamirim, região metropolitana de Natal, em novembro do ano passado, concentrou a maior parte da cocaína descoberta. A Polícia Federal descobriu o local subterrâneo com 1,39 tonelada da droga.
Oficialmente, o órgão não confirma se a droga era destinada à exportação ou para consumo local. Mas investigadores ouvidos pela reportagem garantem que o local também devia servir de entreposto para exportação. A justificativa é que o consumo local de cocaína não demanda uma quantidade tão grande.
Até as apreensões no Porto de Natal, essa havia sido a maior na história do estado. Em anos anteriores, a quantidade de cocaína apreendida era considerada baixa: 22 kg em 2017, menor que outros 22 estados. Há nove anos, em 2010, a quantidade que a Polícia Federal encontrou de cocaína foi de 7 kg.
O histórico mostra que o estado se tornou uma rota internacional para o tráfico de drogas nos últimos anos. Para o delegado da Polícia Federal Agostinho Cascardo, a quantidade de cocaína apreendida é grande porque a rota de tráfico passou a utilizar os navios. Segundo conta, o tráfico internacional é antigo no estado e no Brasil, mas funcionava principalmente através de aviões de carga e ‘mulas’ (pessoas que transportam a droga no estômago). A diferença é que utilizando os navios são transportas em toneladas.
“O Brasil sempre foi um corredor de drogas. As drogas são produzidas na Bolívia, Peru e Colômbia, entram pelas fronteiras do Brasil e saem por avião ou navio. Antes, eram exportadas mais por avião, agora está sendo mais por navio”, explicou o delegado em entrevista feita com a reportagem no dia 14 de fevereiro, um dia depois das apreensões do Porto de Natal.
Números:
Ranking das apreensões de drogas:
- Paraná: 6.234,1 kg
- Rio Grande do Norte: 3.408,2 kg
- São Paulo: 3.178,3 kg
- Mato Grosso do Sul: 2.094,7 kg
- Mato Grosso: 1.519,4 kg
Total do Brasil: 17.588 kg
Cinco estados com maiores apreensões de drogas pela PF em 2018:
1. São Paulo: 32.796,56 kg
2. Paraná: 11.842,68 kg
3. Mato Grosso: 5.905,3 kg
4. Bahia: 5.851,05 kg
5. Mato Grosso do Sul: 4.074,61 kg
10. Rio Grande do Norte: 1.727,03 kg
Total do Brasil: 79.173,58 kg
Dados: Polícia Federal
Fonte: Tribuna do Norte
Imagem: Polícia Federal