O último unicórnio e a busca pela imortalidade
The Last Unicorn coloca os jogadores na pele de dois protagonistas: a elfa Aurehen e o viking Bior. Aurehen cresceu nas florestas de Alfheim, e sua tarefa é buscar uma cura para a maldição que recai sobre os elfos e anula sua imortalidade. Para tal, ela deve alcançar uma forma de restaurar a saúde do chifre quebrado do último unicórnio vivo. Devota dos unicórnios, a elfa de cabelos loiros e forte determinação fará o possível para cumprir sua missão.
Bior, líder e guerreiro viking, sobreviveu a um naufrágio e agora está em busca de seus companheiros. Possui habilidade notável com a espada e é capaz de dilacerar os inimigos com muita facilidade.
A narrativa do game é conduzida principalmente através de passagens de livros que contam sobre a mitologia daquele mundo, bem como algumas cutscenes que explicam brevemente sobre a ligação de Aurehen e Bior com a história. A falta de vozes dos personagens e os diálogos excessivamente literários, por assim dizer, tornam a experiência cansativa e desinteressante.
Não bastasse um fraco desenvolvimento subjetivo de personagens, a modelagem dos protagonistas deixa muito a desejar. Aurehen é alta, loira e usa roupas verdes com runas élficas gravadas nas vestimentas: clássico e clichê; Bior, por sua vez, aparece loiro e de cabelos compridos nas cenas de corte, mas seu modelo em jogo possui cabelo curto e castanho escuro. Ou talvez eu seja daltônico e não saiba.
Um mundo visualmente interessante, com paisagens inspiradas em terras da mitologia nórdica, indo de florestas mágicas a tumbas e cavernas infestadas de monstros selvagens e goblins malditos, cria um contraste de “sabor agridoce” graças aos personagens insossos e inexpressivos.
Lutando o que deveria ser o bom combate
O sistema de combate de The Last Unicorn é bastante simples e convidativo. Há dois botões de ataque, um fraco e um forte; um botão de magia, que pode ser utilizada quando o medidor de magia está completo; e um botão para esquiva.
Nos primeiros momentos de jogatina, a impressão passada é de que as lutas oferecem um bom nível de desafio, exigindo bastante coordenação por parte do jogador para poder sobreviver aos encontros. Mas conforme o jogo progride, percebe-se que ele é totalmente desbalanceado, com inimigos derrotando os protagonistas com poucos golpes. Em teoria, o ideal seria enfrentar poucos inimigos de cada vez, em situações que fossem quase como “duelos”. Mas o que se tem são grupos de oponentes que avançam desenfreadamente para cima do jogador, derrotando-o com dois ou três golpes, fazendo-o ter de recarregar um checkpoint ou um save.
The Last Unicorn poderia ser considerado desafiador se fosse justo com seu público. Não há nenhum tipo de recompensa em superar a dificuldade elevada do jogo, a não ser a sensação de que finalmente o jogador não irá mais passar raiva com algum chefe ou grupo de inimigos medonho. No fim das contas, o maior desafio a superar são os controles lentos e travados oferecidos pelo game.
Progredindo de forma lenta
Derrotar inimigos em The Last Unicorn concede cristais vermelhos (a moeda do jogo) e pontos de experiência. Ao acumular o necessário, Aurehen e Bior sobem de nível, melhorando características básicas como ataque crítico e defesa. Mais uma vez, na teoria tudo funciona muito bem, mas na prática, o efeito de subir de nível é quase nulo. O jogador sente diferença de estar mais forte apenas quando consegue comprar melhorias para suas armas ou aumentar sua barra de vida ao coletar duas metades de um medalhão especial.
O vai e vem entre os cenários é constante, tanto na busca por itens que abrem novas passagens, quanto pelo fato de que o game alterna a jogabilidade entre Aurehen e Bior. Ambos possuem suas particularidades mas, no geral, a forma de se jogar é a mesma. Bate, esquiva, bate, esquiva, reza para dar certo, repita.
É possível criar itens de cura e auxílio e runas especiais que concedem bônus diversos, como mais vida e maior dano. Para tal, basta coletar os materiais de criação deixados pelos inimigos derrotados e utilizar o poder de forja oferecido por uma grande árvore NPC no jogo.
Parte técnica sofrível
The Last Unicorn seria um jogo muito mais palatável se contasse com uma parte sonora mais agradável. Sua trilha sonora não é daquelas que grudam na cabeça, ou que distinguem o jogo de maneira eficiente. Ao contrário. Me peguei, por diversas vezes, me lembrando de outros jogos enquanto ouvia suas músicas nos menus de carregamento e combates. A falta de diálogos entre personagens também é algo que evita uma possível imersão por parte do jogador.
Bugs nos controles não são algo incomum de se encontrar. Diversas vezes precisei reiniciar um checkpoint ou até mesmo o jogo por completo porque os botões não funcionavam e não deixavam que eu pulasse uma fala ou bloco de texto.
Para completar, o game utiliza um sistema de câmeras fixas que não ajuda em nada durante os confrontos. Não é incomum ter inimigos de grande porte bloqueando a tela, ou mesmo inimigos menores sumindo do campo de visão da câmera. É sofrível.
Eternity – The Last Unicorn (Multi) é um jogo que funciona muito bem na teoria, mas possui uma execução pobre e conceitos excessivamente datados. Sua movimentação é travada, seus combates oferecem dificuldade sem recompensa e a parte sonora não ajuda em nada na imersão do jogador. Visualmente, é bem bonito e retrata bem a mitologia nórdica mas, como diz o ditado, beleza não põe mesa.
Prós
- Visualmente agradável, retratando de forma competente a mitologia nórdica através dos cenários.
Contras
- Movimentação lenta e falta de fluidez nas animações;
- Combates travados;
- Excessivamente difícil, sem oferecer nenhuma recompensa maior ao jogador;
- Sistema de câmera fixas prejudica nos combates;
- Parte sonora deixa muito a desejar.
Eternity – The Last Unicorn – PS4/XBO/PC – Nota: 4.0
Versão utilizada para análise: PS4