Crônicas da velha Ribeira (17)

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“Zé Fernandes, da Simca”

Gilson Torres dos Santos Lima, é “Gilson da Marpas”; Dinarte Bezerra de Andrade é “Dinarte da tipografia”; Geraldo de Sá Bezerra era “Geraldo do hotel”; Raimundo Barros Cavalcanti era “Raimundo do cartório”; Júlio Lira era “Lira da carne assada”; Miguel Ferreira era “Miguel da caixa”(de Ulisses de Góis); Miguel Arcanjo de Oliveira era “Miguel da Queiroz Oliveira” ; Guilherme Freire de Morais era “Guilherme da Socimec”; Silvino Sinedino de Oliveira é “Sinedino do Diário”; Aldo Medeiros é “Aldo da Galvão Mesquita”; Manoel Bezerra é “Manoel da Manchete(calçados)” ; Waldisar Queiroga e Silva é “Queiroga da Caixa”(CEF); Humberto de Azevedo é “Humberto do Xique-xique”; Cândido Barbosa Neto é “Neto da Movemaque”; Valdir Antunes de Souza era “Valdir da cigarreira”… tudo isso fora “Avelino dos ovos”; “Zé das canetas”; “Cícero da Finasa”; “Ciço do peixe”; “Chico de mãe” e tantos outros cujos nomes completos não sei ou não lembro…

É assim, como a maioria dos natalenses conhecem os que estão vivos e conheciam os que já se foram…

E, José Fernandes da Costa Sobrinho, o “Zé Fernandes, da Simca” – Yeyé, para os familiares – grande parte dos que aqui vivem, de meia idade p´ra cima, sabem quem foi. Instalado num prédio antigo, na esquina das ruas Teotônio Freire com Avelino Freire, Zé Fernandes fez história no mundo automobilístico local.

Com a experiência adquirida na comercialização de caminhões e automóveis da marca Dodge ainda nos tempos em que eram importados dos Estados Unidos, foi quem introduziu em nosso mercado os automóveis Simca, um dos primeiros carros de luxo fabricados no Brasil.

Quem – naquela faixa etária acima – não se lembra dos charmosos Simca Chambord, muito comuns aqui e dos luxuosos Simca Presidente, menos numerosos na cidade? Dos Jangada, dos Alvorada?…

E quem há de esquecer – especialmente os do meio esportivo – as peripécias de Célio, lendário chefe da oficina autorizada Simca, o home que “pintava o sete” ao volante de um deles e que – segundo reza a lenda – engatava marcha à ré com o carro andando prá frente, mesmo que, em baixa velocidade?

Zé Fernandes era um vendedor nato, conhecido como homem “que não perdia negócio” e foi graças a ele que a marca Simca alcançou um bom índice de vendas na praça, tendo atingido o apogeu nos anos 1964/1965 até surgirem boatos de desativação do modelo no ano seguinte, o que realmente veio a ocorrer em 1966 quando a Chrysler – que já era dona da Simca francesa – encampou a fábrica nacional em São Bernardo do Campo, São Paulo.

Mas, os Chambord e derivados resistiram até o segundo semestre de 1967, quando deixaram de ser produzidos – descontinuados, no linguajar das montadoras.

Assim, Zé Fernandes voltou a ser o concessionário autorizado da gigante americana, vendendo os Dodge Dart e Dodge Charger, modelos de luxo fabricados no Brasil a partir de 1969 sendo, este último, um esportivo de alta cilindrada, que competiam com os Galaxie da Ford e os Opala, da General Motors.

Permaneceu nessa atividade até 1973, ano em que o representante local da marca, passou a ser o empresário Luiz Alberto Pereira de Medeiros e à partir do qual a Chrysler começou a produzir no país seu primeiro compacto, o Dodge Polara, único da categoria a oferecer câmbio automático.

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