Quase tudo gira em torno da nossa carência de sermos aceitos ou não pelos outros. Por tanto a soberba pode ser o sinal de uma mente insegura e assustada por achar que jamais será amada ou aceita.
Tudo parece ser uma grande e infinita disputa de egos e conquistas. Esquecemos a importância do “ser” para corrermos desenfreadamente atrás do “ter”. Não confeccionamos os nossos próprios tapetes, puxamos o do outro que está pronto e funcionando.
Provavelmente o soberbo não se perceba assim, tomado pela preocupação de estar constantemente vigiando o outro. Está por demais preocupado em ganhar as suas competições. Alcançar seus méritos e provar para o mundo que merece ser querido e amado.
O soberbo sente a necessidade de contabilizar seus feitos o tempo todo e (ai) daquele que não mencionar seu nome ou a sua contribuição. Tudo vai acontecendo como uma grande compensação. Viver assim é altamente prejudicial e desolador. No intuito de fazer tudo não pedimos ajuda a ninguém e caminhamos como se não precisássemos de nada. E a carência só aumenta e a solidão também. A autossuficiência não é um elogio, é algo a ser tratado.
Do mesmo modo que o soberbo vive sob a pressão de uma contínua competitividade, ele acredita em sua alma que todos ao seu redor sentem o mesmo a seu respeito. Cria-se inimigos e perseguições por toda parte e todos querem tomar alguma coisa ou algum lugar que ele acredita pertencer a ele.
Está na hora de fugir da própria soberba! Sair da vila dos orgulhosos e transitar um pouco pela comunidade dos humildes. O endereço não é físico. É espiritual.
“Melhor é ter espírito humilde entre os oprimidos do que partilhar despojos com os orgulhosos.” (Provérbios 16:19)
“Antes da sua queda o coração do homem se envaidece, mas a humildade antecede a honra.” (Provérbios 18:12)
“O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra.” (Provérbios 29:23)
Mas não se engane, a pior soberba é aquela que se esconde por trás de uma falsa humildade. É aquele que se considera o mais “humilde” de todos. Não há declarações de terceiros, apenas a dele.
E só para não esquecer: Ser humilde não é negar nossas habilidades e capacidades, é saber usá-las como ferramentas e instrumentos apropriados e de uma maneira que eu não me sinta melhor ou mais importante que os outros ao meu redor, e quem sabe até conseguir ajudar o outro.
João Batista falou sobre Jesus Cristo: “É necessário que ele cresça e que eu diminua”. (João 3:30)
E o Filho de Deus respondeu de volta: “Eu lhes digo que entre os que nasceram de mulher não há ninguém maior do que João; todavia, o menor no Reino de Deus é maior do que ele”. (Lucas 7:28)
Ou seja, o grande ‘x’ da questão para se entrar no verdadeiro reino de Deus é diminuir e ser o menor. No reino de Jesus Cristo o pequeno é grande, e o último será convidado a se sentar na frente, sem precisar de indicação. Sem precisar de uma posição com pedigree.
Que Deus tenha misericórdia e nos livre da nossa própria soberba, seja ela consciente ou inconsciente. E que o SENHOR nos revele, ainda que ela esteja escondida em algum compartimento profundo da nossa alma.
Então ficaremos a salvo das nossas próprias armadilhas.
Imagem: “Solidão” – Nanquim sobre tela de algodão – Autor: Luciano Luz (clique aqui e saiba mais)