Há uma semana atrás, Brumadinho município pertencente ao estado de Minas Gerais passou por uma catástrofe ambiental e criminal, após o rompimento de uma barragem do “Feijão”. Uma terrível tragédia em que destruiu a cidade, mas que causou danos ainda piores nos sobreviventes e nos órfãos de filhos e pais vítimas deste desastre, afetando moralmente seu psicológico e a reação perturbadora ao ver aquele mar de lama tomando conta da cidade.
Todavia, essa tragédia não foi a primeira e tampouco (infelizmente) não será a única, pois quem não se lembra do rompimento da barragem de Mariana, também nas Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015, que permanecerá com seus rejeitos no mar, segundo especialistas, por pelo menos 100 anos, e que ainda não houve uma avaliação detalhada pelos danos causados pelo desastre, e as pessoas que residem em Mariana ainda sofrem com caos do despejo da barragem.
O livro se passa numa cidadezinha que foi assolada por um terrível desastre ambiental, aonde os moradores lutam a qualquer custo recuperar suas vidas e também, manter a sanidade no local. Na história traz dois personagens principais, Jorge, um pequeno agricultor em uma terra morta, e Maya, dona de uma pousada à beira da falência, resistem bravamente à desolação e desesperança que tomaram conta de sua cidade natal.
O cenário é desolado, e de pleno desespero, apinhado de lama e plena destruição, os habitantes desta cidadezinha têm de afrontar contra uma terrível força ancestral, que desperta buscando “vingança” pelo preço da destruição deixada no local.
A ideia de Marcel e Rodrigo era criar uma drama ficcional, mas com um fato real, aonde eles somaram o desastre ambiental que aconteceu em 2015, com uma criatura temível e mitológica, dando um parecer amplo e satisfatório para a trama, mostrando quão a vingança da natureza é mais forte, do que os bens dos homens, e quando ela se revolta em cobrar seu preço, o fim pode ser fatal.
“LAMA foi uma obra inspirada por uma tragédia… O mais terrível crime ambiental ocorrido no Brasil (até hoje), e infelizmente acredito que outros virão…“, comenta Bartholo em seu blog pessoal, que ainda completa sobre a criatura repleta de referências brasileiras criada por Ramos; “Rodrigo queria contar uma história com uma espécie de “Monstro do Pântano”, adorei a ideia e então começamos começamos a busca por referências nacionais… Nosso “Pântano” seria a Lama, e nosso monstro seria inspirado na criatura Ypupîara ‘o que está dentro d’água’, diretamente da mitologia Tupi“.
Já as artes, o ilustrador buscou mesclar com menções de dois de seus trabalhos já lançados, “Carniça”, escrito por Rodrigo Ramos e “O Santo Sangue“, com roteiro de Laudo Ferreira, somado com inspirações de grandes artistas, como Mestre Shima, Mutarelli, Colin, Corben, Otto Dix, etc.
“Lama” traz um álbum intrínseco numa mistura de folclore com ancestrais, num terror que avassala a pequena cidade interiorana causada pela terrível catástrofe ambiental. Uma HQ densa, mas curtinha para ler, que fará você refletir de forma literária os males da sociedade atual contra o meio-ambiente. E como Bartholo comentou em suas redes sociais recentemente, pode ser que esse desastre em Brumadinho seja o desfecho para o “Lama 2” (infelizmente). Será?
Para saber mais ou adquirir o álbum, acesse o site da lojinha oficial do desenhista. E neste ano de 2019, Marcel e Rodrigo estão criando um selo independente, o “Carniça Quadrinhos“, aonde eles lançaram pelo menos uma HQ de terror por ano.
Fonte: O Barquinho Cultural