Neste ano, o Museu do Holocausto de Jerusalém, Yad Vashem, em colaboração com o Facebook, decidiu aproximar essas vítimas de quem não pode prestar homenagem a elas no Salão da Memória da instituição israelense − um espaço redondo com uma abóbada aberta para o céu, da qual pendem as fotos dos assassinados e na qual se armazenam os volumes que contêm os detalhes reunidos sobre cada uma das vítimas.
Para isso, foi lançado na Internet o chamado Muro da Lembrança. Um muro virtual no qual, até terça-feira, os visitantes poderão vincular seu nome ao de uma das pessoas incluídas no banco de dados das vítimas da Shoá – termo usado para se referir ao Holocausto em hebraico −, que contém informações pessoais daqueles que morreram nos campos de concentração do regime de Hitler.
O sistema é aleatório. Assim que é feito o pareamento, o usuário, como homenagem, verá seu nome escrito no muro, abaixo da fotografia da vítima, juntamente com uma frase informando que ele recorda essa pessoa. O usuário também poderá compartilhá-la nas redes sociais e acessar diretamente um resumo da informação que consta no banco de dados do museu sobre essa vítima, incluindo a referência do volume em que seus dados estão fisicamente armazenados no Yad Vashem. “A ideia é usar o verdadeiro poder das redes sociais, que é a possibilidade de compartilhar. A capacidade de difusão aumenta exponencialmente quando os conteúdos do nosso site podem ser compartilhados no Facebook, Instagram, Twitter ou qualquer outra rede social”, explica Iris Rosenberg, diretora de Comunicação do Yad Vashem e responsável pela campanha.
A instituição trabalha até hoje para dar nome a cada uma das vítimas. Até agora, o Museu do Holocausto conseguiu identificar mais de 4,8 milhões dos judeus assassinados, mas a instituição continua reunindo dados e objetos da vida cotidiana que ajudem também a reconstruir suas histórias pessoais, para que não caiam no esquecimento. É por isso que a direção do Yad Vashem, com sede em Jerusalém, decidiu ampliar essa iniciativa e divulgar no Facebook os detalhes da vida dos assassinados: onde nasceram, o que estudaram, a que se dedicavam antes de ser massacrados nas câmaras de gás.
É uma forma de chegar ao coração do mundo. Em maio, a iniciativa será lançada também em hebraico sob o lema “Por trás de cada pessoa há uma história” − coincidindo com as cerimônias em Israel do Dia do Holocausto. “Queremos chegar principalmente às novas gerações. Os jovens de hoje se movem nas redes sociais. Não nos conformamos com que saibam que existiu a Shoá. Queremos que se envolvam, que se interessem em conhecer as vidas dessas pessoas reais”, explica Rosenberg.
O Yad Vashem, criado em 1953, é mais do que um museu que conserva a memória do genocídio cometido pelos nazistas. No início dos anos noventa, a direção da instituição decidiu ter um papel mais ativo no campo da educação. Além de participar da elaboração dos conteúdos sobre a Shoá estudados nas escolas israelenses, oferecem cursos de formação específicos para professores e também para todos que estiverem interessados em conhecer mais sobre os diferentes aspectos da história do genocídio judeu. Em sua divisão educativa trabalham mais de 100 profissionais, que nos últimos tempos se voltaram para a formação online para combater o antissemitismo e a negação do Holocausto.
Segundo um estudo divulgado em dezembro pela Comissão Europeia, 89% dos judeus europeus apontam a Internet e as redes sociais como o principal vetor para propagar o antissemitismo. “O crescimento do antissemitismo é um fato preocupante confirmado por diferentes estudos recentes, assim como a distorção do Holocausto. Nosso acordo com o Facebook pretende conectar pessoas com pessoas. Convidar a conhecer mais sobre essa pessoa e, principalmente, conectar usuários do mundo todo à Shoá”, assinala a porta-voz do Yad Vashem.
Fonte: El País (Brasil)
Imagem: