Todo mundo se pergunta quando é a hora de deixar os bebês passarem a noite fora. Entra aqui o medo de que eles chorem, que se sintam abandonados e a pergunta: será que os avós (tios ou amigos generosos) vão saber ninar e acolher direitinho? No fundo, nós é que somos o maior empecilho neste momento. Porque choro faz parte e outras formas de cuidar também.
Sou partidária de que, quanto antes os filhos aprenderem a dormir fora de casa, melhor. Não precisa nem ter desmamado. Basta tirar o leite e deixar para ele. Parece insensível demais? Calma, você não esta largando seu filho para férias prolongadas na Bahia, é só uma noite. Uma noite de amor, de cinema, de festa ou sono ininterrupto. Um mimo, um presente pra você! E tenha certeza, ele também vai ser muito bem cuidado neste curto período. Porque é uma delicia ser o cuidador principal só por uma noite.
Tem gente que acha que antes de um ano é cedo demais para tamanha aventura. Eu acho que 6 meses tá ótimo e confesso que minhas caçulas dormiram fora a primeira vez com 4 meses (era natal e aniversário de uma grande amiga). Nesta idade, não tem drama, não tem agarrar na perna e implorar pra gente não sair. Eles ficam, curtem, vão se acostumando com o habito e até dormem a noite inteira.
Claro que isso não te livra de um possível choro quando eles tiverem 1 ano, mas vai ser aquele chorinho sem lastro, já que estarão ultra-acostumados com o pernoite fora. Ah sim, porque a ideia é começar a dormir fora e manter uma constante. Não precisa ser toda semana, mas uma vez por mês acho válido.
O bebê aprende a ficar sem a gente e a gente aprende a ficar sem o bebê. Fundamental para uma vida saudável.
Mas e se ele acordar desesperado no meio da noite? E se não dormir? Sabe o que acontece? Nada! No máximo, a criança e os avós precisarão descansar no dia seguinte. Faz parte. Afinal, quem se dispõe a dormir com as crianças para dar uma força para os pais, sabe que existe esse risco. É ate bom porque ensina nossos cúmplices nos cuidados da criança a se virarem na adversidade.
Choro não mata ninguém. E criar filhos é uma jornada coletiva e social. Ficar grudado neles não os deixa mais fortes e nem seguros e exercitar a distância desde cedo é sinal de que somos ótimas mães!
Lia Bock: é jornalista, escritora e mãe de 4 crianças. É autora do Meu primeiro livro, um diário inclusivo para registro dos primeiros anos de vida e do Manual do mimimi, com crônicas sobre relacionamento. Também é colunista do UOL e editora da Plataforma Hysteria. Na sua casa todos podem riscar a parede e comer a sobremesa na frente da TV ‘-)
Fonte: Revista Crescer
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