O comerciante Aurélio Pinheiro, de 69 anos, mora há 40 anos no bairro do Alecrim, na zona Leste de Natal. A calçada da rua onde reside, a Leão Veloso, tem três níveis de pavimento. Bem frente à casa dele, o piso fica a quase um metro da via pública, mas basta alguns passos – entre muretas, rampas e construções irregulares – para que a distância até o chão seja de 10 centímetros.
Além do desnível ao longo do passeio, Aurélio reclama da enorme quantidade buracos nas ruas e da falta de manutenção da sinalização viária. “As ruas do Alecrim estão abandonadas. Não há como andar por aqui. Temos ruas repletas de buracos e de lixo. As vias estão em péssimo estado e quase não há sinalização”, reclama o comerciante.
Outro problema é a falta de acessibilidade das vias públicas. Pessoas com alguma dificuldade de locomoção, além dos portadores de deficiência motora, têm imensa dificuldade para locomoção. O cruzamento entre a Avenida Coronel Estevam e a Rua Leão Veloso, por exemplo, não tem rampas de acesso. Em uma das calçadas, para piorar a situação, blocos cilíndricos de concreto dificultam o deslocamento das pessoas.
A falta de manutenção pode ser melhor exemplificada através dos gastos da Prefeitura do Natal com obras e instalações. Segundo dados do Portal da Transparência do Município, as despesas com infraestrutura urbana caíram 65% entre 2017 e 2018. O valor pago para obras em todo o ano passado, de acordo com os dados públicos, foi de R$ 1,8 milhão, enquanto no exercício anterior, em 2017, a despesa total foi de R$ 5,1 milhões.
Com relação aos dados de 2018, segundo a prestação de contas da Secretaria Municipal de Obras Públicas (Semov) – o órgão responsável pela área de infraestrutura –, as despesas totais da pasta foram de R$ 14,5 milhões. Ou seja, o investimento em obras em todo o ano representou 12% do total. A maior parcela das despesas da pasta é com salários, que representa R$ 10,8 milhões (74%).
Ao se comparar com outros anos, o Portal da Transparência mostra que o desinvestimento em obras e instalações foi ainda maior. Em 2011, as despesas somaram R$ 15,1 milhões, o que representa um valor 88% menor que o obtido em 2018.
A redução nos investimentos também pode ser vista em um pequeno trecho, de cerca de 20 metros, na Avenida Coronel Estevam, ainda no Alecrim. O aposentado Genivaldo Alfredo Barbosa caminha, em pleno asfalto, ao lado da mulher, Ana Severina Barbosa. O passeio público, nas proximidades do antigo Arquivo Público Estadual, está repleto de lixo, esgoto e de mato – que cresce por toda a calçada. “Isso aqui é uma vergonha. Temos de passar por cima de muita sujeira e de calçadas que mais lembram escadarias. É horrível”, lamenta.
A reportagem do Agora RN tentou ouvir Secretaria Municipal de Obras, mas o titular da pasta, Tomaz Pereira Neto, não atendeu aos nossos telefonemas.
Fonte: Agora RN
Imagem: José Aldenir