Eu vou começar irritando o leitor com algumas obviedades.
Primeiro, vivemos em uma era tecnológica, altamente contectada, interligada. Utilizamos, ou se preferir um tom mais alarmista, dependemos da internet e dos avanços tecnológicos. Segundo, as empresas, dentro deste novo tempo, também utilizam as pesquisas de perfis e o ambiente virtual em seus recrutamentos, seleções e na gestão de seus colaboradores. Terceiro, isso é um caminho sem volta, conforme-se.
Cada vez mais as pessoas estão sendo avaliadas por suas postagens nas redes, demissões estão acontecendo, reprovações, perda de posicionamento e de possibilidade de ascensão na carreira, graças ao mau uso do marketing pessoal na internet.
Dito isso, a grande questão é: O que publicar e o que não publicar nas redes sociais?
Aqui, eu sou bem radical na dica. Publique tudo o que você quiser. Absolutamente tudo, TUDINHO! Apenas lembre-se de um pequeno detalhe, esteja disposto a pagar o preço pelo que você está divulgando.
O seu post, sua foto, seu comentário, enfim, todo o conteúdo que você disponibiliza estará sob os filtros do mercado, ou seja, das empresas contratantes, dos recrutadores, do seu chefe e daquele colega que poderia lhe indicar para um novo projeto ou uma ótima vaga… Simples assim.
A lógica é clara, o conjunto de suas publicações fala sobre você, o que você pensa, o que você valoriza, suas crenças, os lugares que frequenta, seu status enfim, sua vida particular e profissional.
Se você transformou seu perfil no facebook em um comitê de campanha (embora as eleições já tenham terminado meses atrás), se o seu perfil é uma infinidade de selfs e mais selfs de todos os ângulos possíveis, se você copia e cola textos religiosos (sem nenhum critério ou reflexão pessoal, e às vezes com fotos suas… Algumas bem sensuais. Noção? Zero), se seu perfil é um amontoado de “copiar e colar” as notícias do dia, incluindo algumas fake News de vez em quando, enfim, o que quero dizer é, se suas publicações só possuem um único assunto, você também está, indiretamente, falando muito sobre você.
Indo um pouco mais além, aquilo que você também não publica lhe revela. Surpreso? Pense comigo. Se, digamos, o facebook é um ambiente para compartilhamento de vida e em um determinado perfil há apenas aquelas cansativas mensagens motivacionais (e suas variações com bichos, gente se exercitando ou paisagens exóticas) ou replicações de posições políticas partidárias, eu lhe pergunto: O que esse perfil me diz sobre o dono? Nada. Por que essa pessoa não compartilha sua vida? O que esconde minha criança?
Nada de paranoia, nada de pânico. Basta o velho bom senso. Antes de publicar, faça uma rápida pergunta: O que isso depõe sobre mim? E, se a resposta é positiva, publique, pronto.
Atenção para um pequeno exercício de marketing pessoal: Faça um levantamento de suas últimas vinte postagens, acredite, um bom recrutador “vê” você ali. Reflita se há um bom resultado.
AHHH, EU COLOCO O QUE EU QUERO E PONTO FINAL!!!
Ôpa, que maravilha, eu já falei que você é livre? Que a escravidão foi abolida no Brasil em 1888? Você só não se esqueça das palavras do meu poeta preferido, o querido Pablo Neruda: “Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências”.
Jean Tavares Leite é Psicólogo Organizacional e Professor Universitário
jeantavares@bol.com.br
Crédito da Foto: Tec Triade Brasil / Reprodução