Um sistema meteorológico que atua sobre o Nordeste desde o último fim de semana foi o que causou fortes chuvas, inclusive de granizo, além da ventania que derrubou árvores e destruiu várias estruturas em Macau, na região da Costa Branca potiguar nesta segunda-feira (7). A explicação foi divulgada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) nesta terça-feira (8).
O sistema é um Vórtice Ciclônico de ar Superior, que é comum na região durante o período mais quente do ano, de novembro a fevereiro, segundo Gilmar Bristot, meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn).
“Ele se origina com a presença de frente fria que, quando chega no sul da bahia força o vento que vem da Amazônia a se elevar em uma aspiral ciclônica”, explica ele. Segundo o pesquisador, é como se fosse a formação de um ciclone ou um furação, sendo que de proporções bem leves, portanto sem tanta instabilidade e distúrbios.
Empurrado, o ar começa a girar em sentido horário em elevadas altitudes, o que provoca chuvas. Ainda de acordo com o pesquisador, é difícil prever a formação desse sistema. Porém, foi uma célula de intabilidade (fortes chuvas) provocada por ele que causou a ventania registrada no final da tarde desta segunda-feira (7) em Macau.
A explicação para a ocorrência desses fortes ventos, com velocidade acima de 50 km por hora foi a formação de chuvas de 40 milímetros, em menos de duas horas, sobre os municípios de Pendencia, Carnaubais e
“Foi criada uma área de baixa pressão que acabou sugando o ar ao redor, provocando os fortes ventos”, explicou.
O vórtice ciclônio também explica a formação de chuva de granizo, que não é comum na região. Por ser mais quente, a região equatorial tem nível de congelamento muito elevado na atmosfera. Mas em casos excepcionais, como esse, o congelamento é possível. Foi o que aconteceu em municípios potiguares como Dix-sept Rosado, no último final de semana.
Segundo Bristot, o aspiral de ar cria nuvens do tipo Cumulus Nimbus, que são nuvens altas, no sentido vertical, e que levam as gotículas de água a mais de 12 quilômetros de altura, numa região em que formam as pedras de gelo. Dependendo do seu peso, essas pedras chegam à terra em formato de granizo.
Chuvas devem conitinuar
O monitoramento Emparn registrou chuva em todas as regiões do Estado, com mais intensidade nas regiões Oeste, em Riacho de Santana (62 mm) e na região Central. Em Caicó choveu 50 milímetros entre a segunda (7) e a terça (8).
De acordo com a gerência de meteorologia da Emparn, deve continuar chovendo em todas as regiões potiguares, por causa do Vórtice Ciclônico e por causa da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que também se aproximou da costa do Nordeste e também provoca chuva no litoral e interior do Estado.
A Zona de convergência Intertropical, é o principal sistema meteorológico responsável pela chuva no semiárido nordestino e normalmente começa a atuar em meados de fevereiro e permanece até maio. Neste ano, porém, ela está antecipada e já provoca chuvas no nordeste junto com o Vórtice Ciclônico, sistema mais temporário.
Previsão de chuva para 2019
O ano de 2019 começou com a presença do Fenômeno El Ninõ entre fraco e moderado no Oceano Pacífico, e com tendência de apresentar uma diminuição na sua intensidade nos próximos meses. Segundo a Emparn, essa situação é favorável a ocorrência de chuvas na região Nordeste do Brasil para o período de fevereiro a maio de 2019.
“No caso do restante do mês de janeiro e fevereiro, as previsões indicam que as chuvas deverão continuar a ocorrer com variabilidade temporal e espacial, uma vez que os Sistemas Meteorológicos que atuam nessa época apresentam esse comportamento, além de serem de baixa previsibilidade”, diz a Emparn.
Crédito das Fotos: Arafran Peter, Emaparn/Divulgação, Denilson Luiz e Redes sociais
Fonte: G1 RN