Com três folhas de pagamento atrasadas e uma dívida herdada de aproximadamente R$ 1 bilhão com os servidores do Estado, o governo Fátima já começa sob pressão do funcionalismo. Há servidores com quatro meses a receber, caso de quem ganha acima de R$ 5 mil.
Segundo o coordenador geral do Sindicato dos Servidores da Administração Indireta (Sinai) Santino Arruda, o chefe da Casa Civil Raimundo Alves informou aos servidores nesta quinta-feira (3) que a equipe econômica do Governo vai se reunir no final de semana e até a próxima segunda-feira (7) deve apresentar uma proposta.
Os servidores já informaram que não aceitam o parcelamento dos salários atrasados nem a mudança na ordem dos meses a serem quitados. A atual gestão avaliava a possibilidade de começar a pagar os salários a partir de janeiro e parcelar os vencimentos atrasados para demarcar o que é compromisso do governo Fátima e dívida da gestão Robinson.
O Estado ainda precisa pagar parte do 13º salário para quem recebe acima de R$ 5 mil, quitar novembro, dezembro e o 13º salário de 2018.
Os representantes dos servidores já estão
cientes e conformados que não receberão os atrasados de uma só vez, mas esperam uma resposta do Governo:
– Imaginamos que as coisas vão começar a caminhar, mas o Governo precisa dizer qual será o tom de voz e os passos a serem dados. O chefe da Casa Civil Raimundo Alves nos recebeu ontem (quinta) e disse que o governo vai se reunir no final de semana e apresentar uma proposta na segunda. Já marcamos uma reunião do Fórum Estadual dos Servidores segunda à tarde para avaliar essa proposta e esperamos que o Governo apresente algo que seja razoável, embora a gente já saiba que ainda não será o ideal. Sabemos que o Governo não tem dinheiro para pagar tudo, mas tem suficiente para gradativamente honrar uma parte e nos próximos seis meses atualizar tudo”, afirmou Santino Arruda.
A presidente do Sinsp Janeayre Souto, cuja base é formada pelos servidores da Administração Direta, espera que o Governo vá reduzindo gradativamente a dívida herdada da gestão anterior:
– O Governo deve tentar reduzir ao máximo o atraso dos salários e pagar seguindo temporalmente os meses atrasados, ou seja, quitar 13º de 2017, novembro, dezembro e 13º de 2018. Não somos servidores de governador A ou B. Somos servidores do Governo do Estado do RN. Não aceitaremos o parcelamento de salário. A Constituição Federal define que salário é verba alimentícia. Parcelar o passado e pagar em dia o presente é fazer de conta que está tudo bem e não está.
Alternativas
Os servidores já sugeriram alternativas para o Governo. Segundo Janeayre Souto, parte do 13º salário poderia ser paga com a parcela do ICMS relativa à energia e telecomunicações que será creditada na conta do Governo até dia 6 e, deduzindo as transferências constitucionais, sobraria aproximadamente R$ 77 milhões.
– Se o débito do 13º salário de 2017 é de R$ 42 milhões, o Governo tem condição de pagar, com o ICMS de janeiro. Já no dia 10 cai a primeira parcela do FPE que, junto com a sobra do ICMS, daria R$ 200 milhões, ou seja, dá para pagar o 13º de 2017 e começar a pagar novembro.
A sindicalista reclamou também das primeiras declarações do secretario de Estado do Planejamento e das Finanças Aldemir Freire que disse não ter como anunciar um calendário de pagamento em razão do estado de calamidade financeira do Estado. “Não adianta o secretario vir aterrorizar os servidores”, afirmou.
A reportagem procurou o Governo para confirmar a apresentação da proposta para os servidores na próxima segunda-feira, mas até o fechamento desta matéria não conseguiu contato.
Fonte: Agência Saiba Mais
Imagem: Agência Saiba Mais