Oriundos dos tabuleiros, os Role Playing Games ou RPGs, como são mais conhecidos, foi oficialmente concebido em 1974 por Gary Gygax e Dave Arneson quando criaram o clássico Dungeons and Dragons. Já no ano seguinte o primeiro jogo com características RPG foi concebido para os computadores, este foi o Pedit5 – The dungeon – desenvolvido para os computadores Plato.
Mas até que este novo modelo de jogo chegasse aos consoles caseiros demorou um pouco. Os primeiros consoles caseiros tinham uma interface muito simples e estavam longe da capacidade dos computadores da época. O Magnavox Odyssey, por exemplo, lançado em 1972, tinha uma interface muito rudimentar, era impossível trazer um jogo mais complexo ao console como um RPG.
Com a chegada da segunda geração, sua interface foi melhorada e pôde nos trazer jogos mais complexos e com temáticas mais diferenciadas. Desta geração o Atari 2600 foi o maior destaque, sucesso mundial em vendas, foi o console que trouxe mais jogos para esta geração, mas teria vindo nele o primeiro RPG dos consoles caseiros?
Adventure (Atari 2600): um jogo de aventura com elementos de RPG
Warren conseguiu fazer um verdadeiro milagre com a pouca capacidade que o Atari 2600 tinha. Inspirado nas histórias medievais e nos jogos de RPG, Robinett conseguiu nos colocar dentro de um mundo de fantasia onde deveríamos explorar vários ambientes, habitados por dragões perigosos, em busca de itens que nos permitisse encontrar os vários tesouros espalhados pelo reino.
Mesmo assim o Adventure não chega a ser um RPG. Apesar de ter alguns elementos como as quests e uma ambientação inspirada nos primeiros RPGs, este jogo se volta mais para o gênero de ação/aventura do que para um verdadeiro RPG.
O Magnavox Odyssey² teria trazido o primeiro RPG para os consoles caseiros
Quest for the Rings: o primeiro RPG dos consoles caseiros?
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Um jogo de tabuleiro?
Em Quest for the Rings os maiores aspectos RPGs estão na parte “jogo de tabuleiro”, já que é nela que existe o mapa para exploração (seria o tabuleiro do jogo), com o posicionamento de cada dungeon, inclusive se elas teriam anel ou não. Tudo isso era determinado pelo Ring Master (uma espécie de Dungeon Master do jogo) que era interpretado por um terceiro jogador.
Por conta disso, Quest for the Rings era para ser jogado por três pessoas, duas eram os campeões e o terceiro era o Ring Master que, diferentemente dos RPGs tradicionais, tinha um papel mais ativo no jogo. Ele não só simplesmente conduzia a aventura (montando as dungeons no mapa) como atuava diretamente no jogo atrapalhando os heróis na busca pelos anéis, inclusive com o poder de possuir um deles no jogo e atacar o outro player para não pegar o anel.
Isso significa que, se existe um vilão no Quest for the Rings, este vilão é o Ring Master. Logo o jogo não era uma disputa entre homem e máquina, mas sim uma disputa entre amigos onde dois eram os mocinhos tentando salvar a Terra e o outro era o vilão tentando dominá-la.
Por todos esses elementos, Quest for the Rings deveria ser considerado o primeiro RPG dos consoles caseiros? Afinal muitos elementos de RPG estão no tabuleiro, não nos chips do cartucho. Porém, deve-se considerar que os consoles da segunda geração não tinham a capacidade de processar muitas informações e muitos desses elementos, como a história, o mapa, a condução do jogo e interpretação dos personagens eram impossíveis para essas máquinas.Logo, de forma bastante criativa, a Magnavox trouxe esses elementos para o jogo no formato de board game, deixando-o bastante divertido e forçando os seus jogadores a usar muito a imaginação ao enfrentar cada monstro, fantasma e dragões nele existentes
Uma coisa não há que discutir, jogos como Quest for the Rings (Odyssey²) e Adventure (Atari 2600) abriram as portas para um novo mundo nos consoles caseiros. Graças a eles tivemos a oportunidade de desfrutar jogos maravilhosos como os da série Final Fantasy, Dragon Quest e Legend of Zelda, este último seguindo muito a linha do Adventure. Jogos como esses nos proporcionaram horas de alegria em frente à TV e nos deixaram uma bela herança que são os atuais cinematográficos RPGs da nova geração.